sábado, 21 de dezembro de 2013

Sol e Chuva Capítulo 1













Jacob era apenas uma pessoa eternamente feliz e carregava essa felicidade como uma aura, dividindo-a com quem quer que estivesse por perto. Como um sol na Terra, Jacob sempre aquecia quem estava em seu campo gravitacional. Era natural, fazia parte de sua personalidade.
(Lua Nova, pág. 125)





Capítulo 1



La Push


POV Jacob Black



As coisas não poderiam estar piores!


Eu já nem podia mais fechar os olhos que ela aparecia na minha frente. Aqueles olhos cor de chocolate que eu tanto desejava. Olhos que me perseguiam nos meus sonhos, e nos meus pesadelos.


Puxei o travesseiro de baixo a minha cabeça e coloquei no rosto, tentando abafar o urro de frustração. Inferno! Merda de vida!


Eu estava exausto por causa das rondas, mas a raiva eu estava sentindo não me deixava dormir. Raiva de mim! Dela! E principalmente, do parasita fedorento do namorado dela!


Porque ele não havia ficado no inferno onde ele tinha se metido?


Por que ele tinha que ter voltado?


Estava tão perto de ela ser minha!


Minha!


Por que ele tinha que existir? Ele não estava nem vivo!


Merda!


O telefone tocou fazendo com que eu tirasse o travesseiro do rosto e prestasse atenção.


Seria ela?


Bem se fosse, eu não a atenderia.


De novo!


Bella fez as escolhas dela!


Mas só o fato dela continuar me procurando, me dava esperanças novamente.


Ouvi as rodas da cadeira do velho pelo piso de madeira.


– Alô! – ele disse com sua voz monótona


Agucei mais os ouvidos.


– Ah! Como vai John?- ele disse mais animado. Coloquei novamente o travesseiro no rosto e bufei. Não era ela!


–Mais que ótima noticia! – Billy exclamou animado. Novamente tirei o travesseiro da cara, intrigado com o que poderia ter deixado Billy tão contente. – Claro que iremos à festa! – Billy disse. Iremos? Bem se Billy estava me incluindo nessa, ele que tirasse o cavalo da chuva. – Já não era sem tempo! – ele falou e depois se despediu.


Ainda ficou parado um instante, antes de movimentar a cadeira em direção ao meu quarto.


Coloquei novamente o travesseiro em baixo da cabeça e me virei para parede. Praguejando pelo barulho que minha cama velha fez com meu movimento.


Billy abriu a porta.


– Jake? – ele chamou. Fiquei imóvel esperando que ele se tocasse e fosse embora. – Jake, eu sei que você não está dormindo! – ele disse.


Bufei.


– Não estava dormindo, mas pretendia!- resmunguei.


– John ligou! – Billy disse entrando no meu quarto.


– Percebi! – resmunguei novamente me sentando na cama. Billy me observou por alguns segundos, me fazendo levantar as sobrancelhas. – E o que ele queria afinal?- não que eu me interessasse, mas sabia que Billy não iria me deixar em paz até despejar a ultima fofoca de La Push. Levantei pegando uma camiseta qualquer e enfiando pela cabeça.


esta voltando! – ele disse animado.


Agora Billy tinha minha atenção. Ele sorriu.


– Voltando? Mas por quê? – perguntei já com medo da resposta que receberia.


Billy assentiu sorrindo. – Ela vai ser uma do bando! – falou orgulhoso.


Não acreditava nisso! Porque logo com ela?


A lembrança da garotinha de enormes olhos azuis veio na minha cabeça. Eu não tinha nenhuma lembrança da minha infância que ela não estivesse.


– Jake! Isso é uma coisa boa! – Billy disse.


Me levantei num pulo, sacudindo a cabeça incrédulo.


– Boa, pai? Para quem? – perguntei exasperado. Desde quando ter toda as suas escolhas roubadas de você, se tornar uma aberração e ser atirando dentro de uma realidade onde seres místicos e mortais existiam, era boa coisa?


Billy levantou o queixo me encarando com os olhos estreitos. – Boa para a ela... para a tribo... E principalmente para você! – ele disse se virando e saindo, empurrando sua cadeira até a sala.


– Para mim? Que conversa é essa? – perguntei o seguindo.


– Meu filho! – ele parou girando na cadeira para me olhar. – Quando você vai entender que tudo tem um motivo? – ele perguntou.


Enruguei a testa. Uma coisa que eu odiava no meu pai, era quando ele ficava enigmático. Desisti de tentar entender.


– Olha velho, eu tenho mais o que fazer! – falei.


– Ok! – ele disse. – Mas vai ter uma festa de boas vindas para a e eu disse que nós iríamos.


– Eu até posso dar uma passada por lá. – falei. Afinal sempre foi minha amiga. – Mas não vou ficar! – avisei.


– Tudo bem! – ele respondeu me fazendo olhá-lo desconfiado. Billy ainda sorria e eu podia quase ver que sua cabeça trabalhava em um plano maquiavélico.


Abri a geladeira pegando a jarra de suco, quando o telefone tocou novamente. Billy me olhou por alguns instantes, e como viu que eu não me mexia, suspirou e empurrou a sua cadeira até o aparelho.


– Alô? – ele perguntou com sua voz monótona novamente. – Ah, oi Bella!- Billy me olhou e meu coração acelerou absurdamente. Eu fiz uma negativa com a cabeça. – Ele não está! – mentiu. – Ok eu dou o recado!- ele disse antes de desligar. - Mais cedo ou mais tarde você vai ter que falar com ela! – joguei meu corpo na cadeira. – Se bem que, talvez assim ela desista!


– Desistir?- perguntei alarmado. Não, eu não queria que ela parasse de me ligar.


Billy deu de ombros.


Talvez eu passasse na casa dela. Talvez eu somente ligasse.


– Você que sabe! – Billy disse. – Mas antes, queria que você fizesse uma coisa!


– O que?- perguntei.


– Limpe aquele seu quarto que está fedendo!- ele falou fazendo uma careta.


Brasil


POV


Eu morava com minha mãe Lilian no Brasil, apesar de ter nascido em Forks, cidade de Washington, EUA. Vivi em La Push, uma reserva indígena, com meus pais até os 8 anos, quando eles se separaram. Meu pai, John ficou, já que ele é uma das autoridades, e eu e minha mãe viemos morar com a família dela no Brasil, em Porto Alegre. Então, sou praticamente uma gaúcha já que moro aqui há nove anos.


Apesar de que meu sonho era voltar a morar com meu pai.


Não porque eu não ame minha mãe, amo demais e esse é o motivo de eu nunca ter verbalizado os meus desejos.


Na verdade, o motivo maior de eu ter essa grande vontade não tem o mesmo sobrenome que eu, Raindrop, e sim Black. Eu sou apaixonada pelo garoto Black desde que nasci.


Jacob Black... Jake.


Minha mãe diz que a primeira palavra que falei foi Jake. Então imagine a vergonha, já que meus pais insistiam em relembrar essa história sempre que nossas famílias se reuniam e sempre me deixando corada. Não sei por que os pais acham bonitinho relembrar as histórias constrangedoras das nossas vidas. Jacob sempre ria nessas horas e segurava minha mão me confortando. Mesmo sendo tão criança eu me derretia toda. E mais risadas os adultos soltavam, me deixando mais vermelha ainda.


Faz nove anos que eu não via Jacob.


A última lembrança dele que tenho foi ele correndo atrás do carro, em que eu estava sendo levada embora a força, pela minha mãe.


Eu chorava desesperada por deixar o amor da minha vida pra trás. Mas nada disso fez minha mãe mudar de ideia. Qual adulto dá bola para uma paixonite de criança? “Vai passar. Você vai esquecer logo.” Ela me dizia enquanto eu me desmanchava em lágrimas.


Nove anos se passaram e eu não esqueci.


Nunca mais voltei para os EUA, apesar de falar com meu pai toda a semana pelo telefone. Passagens aéreas são caras, e nenhum dos dois tem dinheiro suficiente para isso.


Nunca mais vi Jacob.


Às vezes tenho noticias dele pelo meu pai, mas são poucas, já que não tenho coragem de perguntar por ele. Tenho que esperar que meu pai fale por vontade própria. Ele quase nunca fala.


Inferno!


E talvez eu nunca mais tenha uma chance...


Trinquei os dentes!


Coloquei os fones nos ouvidos e me atirei em cima das cobertas amarrotadas da minha cama, passando os olhos pelas marcas de antigas infiltrações do teto.


Estou morrendo...


Tá bom! Posso estar exagerando!


Mas faz 30 dias que tenho febre de 40 graus que não baixa. Desde o dia do meu aniversário de 17 anos. Já fiz todos os exames, aproveitando que meu novo padrasto é médico, mas não descobriram qual é meu problema.


Eu não sinto nada, a não ser meu humor que não anda lá muito bom, estou um pouco estourada, mas fora isso, estou me sentindo bem.


Bem demais inclusive.


! !- os berros de minha mãe me tiraram dos meus devaneios.


– Que é?- berrei de volta, já sentindo a minha irritação diária tomar conta. Pra que toda essa gritaria. – Que é mãe?


– Arrume já as suas malas! - minha mãe entrou como um furacão pelo meu quarto, fazendo com que me levantasse em um salto.


–Por quê? – perguntei espantada pelo jeito nervoso que ela abria as portas do meu armário e tirava minhas roupas de dentro. –Pra onde eu vou?


Ela parou e segurando meus ombros com o rosto todo molhado de lágrimas, seus olhos estavam vermelhos e injetados, assim como seu nariz que fungava. Nunca tinha visto minha mãe daquele jeito!


– Você vai morar com seu pai! - falou soluçando.


– O que?- não sabia se ria ou se chorava. Na minha cabeça confusos pensamentos iam de Jacob para meu pai, Brasil, minha mãe, Jacob, doença, meus amigos, Jacob...- Porque agora?- perguntei confusa.


"Jacob"...


"Doença"...


Meus olhos se arregalaram. Era isso...


Mas que bosta!


Só podia! Eu estava morrendo de alguma doença tropical e ela queria que eu passasse meus últimos dias com meu pai.


- É por causa da minha doença?- perguntei num fio de voz.


Encolhi os ombros esperando a resposta.


– Você não está doente!- ela afirmou relaxando o corpo. Um tom seco na voz. – Acabei de falar com seu pai, ele disse que isso é... normal para uma criança Quileute.


"O que? Que porra é essa?"


O jeito que ela disse normal me deixando desconfiada.


– Mas eu nem sou uma Quileute!- disse relutante. "Sou?" - Meu pai é, mas eu não. Eu puxei a senhora a Sra.


Eu não tinha nenhuma característica do meu pai. Eu era a cópia exata da minha mãe. Olhos azuis, pele branca demais pro meu gosto e cabelos castanhos.


– Você tem sangue do seu pai, mais do que imaginávamos, inclusive.


Eu não estava entendendo nada. Ela estava agindo tão estranha. Parecida com o dia que deixamos La Push as pressas.


–Mas mãe...


–Vamos , não temos tempo a perder. Seu pai te explica melhor quando você chegar lá. Seus documentos estão prontos, e seu avião sai em duas horas.


Como assim? A mulher enlouqueceu de vez! Só pode!


– O que? Mas mãe e o colégio?


– Seu pai já está tratando de sua transferência. Vamos , vá tomar um banho e trocar de roupa.


Ok, era tudo uma loucura, mas... não conseguia acreditar, eu ia ver Jacob!



oOo

La Push


POV Jacob Black



Eu descontava toda minha frustração no piso de madeira do meu quarto. Já havia recolhido as meias sujas de baixo da cama, trocado os lençóis e arrumado as roupas que já saiam para fora das gavetas.


Pronto, meu quarto estava limpo novamente.


Peguei o saco de lixo e a cesta de roupas sujas e levei até o fundo da casa. Despejei as roupas dentro da maquina, colocando sabão de qualquer jeito e virei o botão, antes de voltar para o meu quarto e dar de cara com Embry deitado na minha cama recém arrumada!


– Mas que merda Embry! Eu acabei de trocar a roupa de cama! – esbravejei. Embry suspirou, revirando os olhos. – Que foi?- perguntei estranhando seu jeito.


– Estou apaixonado!- ele disse se sentando.


– Grande novidade! – falei sarcástico. – Quem a felizarda da semana? – perguntei pegando a vassoura e o balde.


! – ele respondeu me fazendo deixar o balde cair e respingar água pelo chão limpo.


– Como é?- perguntei entredentes.


– Ah cara você sabe que eu sempre fui gamadão nela! E agora com ela voltando!- ele disse com um sorriso idiota na cara.


Aquilo não me agradou nenhum pouco.


– Embry, ela vai ser nossa irmã! – disse cauteloso. – Você vai acabar arrumando encrenca!


– Cara, você não entende! É ela! Eu sei que é! Sempre foi! Quer ver uma coisa? – ele perguntou sorrindo, tirou uma foto do bolso de trás da bermuda e me entregou.


– Quem é? – perguntei com os olhos fixos na foto de uma garota de olhos azuis. Mas é claro que eu já sabia a resposta. Eu estava de queixo caído.


– Quem é! – ele repetiu contrariado, tirando a foto das minhas mãos. – É a , oras! – ele disse e sorriu olhando para foto e depois guardando no bolso novamente.


Levei um tempo para voltar pra terra. – E como você tem essa foto?- perguntei desconfiado.


– Peguei da casa do John. – ele respondeu desviando os olhos.


– Você roubou? – perguntei indignado.


– Ué, Jake! E isso aqui!- ele meteu a mão embaixo do meu travesseiro puxando a foto de Bella. – Vai dizer que ela te deu?


Tirei a foto da mão dele. – Isso não vem ao caso! – resmunguei olhando para foto já meio amassada.


– Você “usa” essa foto Jake? – ele me perguntou fazendo careta e limpando as mãos na camiseta.


– Claro que não! Olha o respeito! – respondi. Como ele podia pensar que... – Péra ai? Você não...? – perguntei com os olhos arregalados - Embry! – exclamei.


– O que? – ele disse com uma cara estranha. – Claro que não! – respondeu, mas eu não acreditei nada nele. Aquilo me revoltou! Embry percebeu que eu não havia gostado. – É melhor a gente ir, Jake! Tá quase na hora da ronda! – falou mudando de assunto e saindo pela porta.


O segui.


Ainda fiquei um tempo digerindo aquele assunto. Ele tinha que respeitá-la. Não tinha o direito! Ela não era uma qualquer, era a ! Eu não ia admitir que ele fizesse mal a ela!


Pela primeira vez, senti raiva de Embry!