Sacudi as folhas dos meus cabelos e vi o enorme lobo vermelho vindo em minha direção. Suas orelhas achatadas no crânio e seus dentes a mostra. Levantei os pés o empurrando com força, fazendo com que ele voasse alguns metros.
Me levantei em um salto, me pondo em posição de defesa.
- Que merda, Jacob! Pare com isso! – gritei.
Ele se levantou sacudindo o imenso dorso e me olhou cheio de raiva.
- É sério Jake, eu não fiz por mal. Não queria quebrar o tratado! – falei, mas mantendo a postura de defesa por precaução.
Ele investiu novamente, me fazendo rolar os olhos. Saltei subindo na árvore mais próxima e me sentei no galho, assistindo Jacob rosnar e bufar lá embaixo.
- Sério, Jake! Se você não parar com isso, eu terei que te bater de verdade!
Foi a vez de Jake rolar os olhos.
- Eu não queria invadir seu território! – me defendi. - Mas na verdade o tratado é com os Cullens, eu não quebrei porra nenhuma!
Jake se acalmou ainda me olhando raivoso.
- E por falar nisso, quem é que está invadindo o território de quem agora? – perguntei apontando para a margem que ele estava. Território dos Cullens.
Jacob suspirou.
- Posso descer ou você vai surtar mais um pouco? – perguntei sem paciência. Eu sabia que todo o embate estava sendo observado por mais lobos do outro lado. – O que eu tenho para falar é sério! É da conta de todos vocês!- olhei em volta.
Jacob se sentou, indicando com a cabeça que eu descesse.
- Rá!- ri. – Com você desse jeito eu não vou descer!- falei cruzando os braços. Jacob girou os olhos se retirando do meu alcance de vista.
Ele voltou vestindo somente uma bermuda, os pés descalços pisando no chão duro da floresta.
Nossa! Como Jacob tinha se desenvolvido!
Saltei do galho ainda receosa.
- Fale! – ele disse serio.
- Nossa Jake! O que eu te fiz? – perguntei.
- Não é o que você fez, é o que você é!- ele disse raivoso.
Eu não sabia se era por tudo que eu estava passando, se toda aquela rejeição de Edward havia me abalado, mas o que Jacob disse e o modo com que ele falou, me feriu de maneiras que eu nunca havia imaginado. Foi a gota dágua.
- Deixa para lá! – falei dando alguns passos para trás. Eu estava a ponto de desmoronar.
Ele fechou os olhos respirando fundo. – Ok, desculpa! – disse mais relaxado.
- Tudo bem!- falei me sentindo um lixo.
- Fale! Por que você veio aqui?- ele me perguntou.
- Está vindo um exercito de vampiros para Forks!- falei. Jacob arregalou os olhos. – Precisamos da ajuda de vocês!
oOo
Subi os degraus que levavam até a mansão dos Cullens.
A porta se abriu e eu levantei os olhos para ver quem vinha me receber.
- Filha! – Stefan me recebeu de braços abertos. Me afundei nos seus braços, tentando o máximo me manter inteira, por mais que por dentro eu estivesse aos pedaços. – Como você está? – ele perguntou.
- Bem pai!- respondi, ainda sem soltar o abraço.
- Você está bem, minha querida?- Esme perguntou.
- Sim! – respondi. – Deu tudo certo!
Todos estavam em minha volta, menos Edward. O procurei por meio aos outros e o encontrei escorado ao final da escada, encarando o chão.
- Olha quem sobreviveu ao canil. – Emmet disse, me fazendo desviar os olhos de Edward. - Você precisa de alguma coisa para as picadas de pulga? – ele perguntou.
Sorri. – Não Emmet! Eu estou bem! – respondi. - Os Quileutes vão se reunir e marcaram uma reunião conosco, as 3 horas da manhã, na grande clareira ao leste das montanhas, para comunicar a decisão que tomaram. – informei.
- Ok!- Carlisle respondeu. – Temos um tempo até lá!
- É! – concordei. – Podemos ir para casa, Stefan?- pedi.
- Claro! – ele respondeu passando o braço pelos meus ombros. – Nós voltamos depois, ok Carlisle?
- Ok, ficaremos aguardando vocês! – ele respondeu.
oOo
Cheguei em eu quarto, vendo os lençóis amarrotados. O cheiro nauseante de Alec impregnado neles. Puxei os lençóis e travesseiros com raiva, rasgando em pedaços em poucos segundos. O quarto ficou cheio de tiras de cetim e penas voando.
Me atirei na cama onde eu e Edward ficamos juntos tantas vezes.
Eu queria poder chorar, mas o único som que saia de meu peito era um soluço seco, que queimava minha garganta e olhos.
Fiquei deitada, de olhos fechados. Daria qualquer coisa para poder dormir novamente. A dor dilacerante, me corroendo por dentro. Eu não conseguia acreditar que estava tudo acabado. Que eu nunca mais teria Edward novamente comigo. Tinha conseguido perder o que eu mais tinha amado na minha vida.
Deslizei a mão pelo colchão, buscando em vão encontrar a mão de Edward, tocar sua pele novamente, sentir seu toque em mim. Eu nunca precisei tanto dele quanto eu precisava agora. E ele não estava lá!
Saber que tudo estava acabado, que não haveria mais casamento, era duro de mais. Um casamento que eu nem fazia idéia de quanto eu queria. Eu queria Edward! Eu precisava dele! Não tinha me dado conta que eu o havia procurado vida toda! E o que eu pensava ser ódio, era amor! Desde a primeira vez que eu vira seu rosto de anjo!, eu o amava!
Ouvi a aproximação de Stefan.
- Filha! – ele disse do lado de fora do meu quarto. – Está na hora!
- Eu não vou! – falei.
Stefan abriu a porta.
- Não vai? Por quê?
- Já fiz minha parte!- respondi. – Não precisam mais de mim!
Ele entrou, fechando a porta atrás de si.
– Sinto muito por você e Edward! – ele começou.
Tapei o rosto com as mãos. – Por favor pai, não quero falar sobre isso!
– Tudo bem! – Stefan concordou. – mas quando você quiser falar eu estou aqui! – ele se aproximou da cama. – Mas realmente filha, é importante você ir!
Olhei para ele alguns instantes antes de responder. Eu não podia evitar ver Edward. Pelo menos até essa luta ter fim, já que tudo era por minha culpa. – Ok! – disse me levantando.