terça-feira, 9 de agosto de 2011

Anjo Negro




Anjo Negro







Por: Ane Halfen






Prólogo




Meu “trabalho” era simples e monótono. Poucos de nós, para não dizer nenhum, gostava desse tipo de função. Mas como eu não me encaixava no que era considerado dentro dos padrões normais de comportamento, eu havia sido designado a ele. Era minha ultima chance. E eu não queria imaginar o que poderia acontecer se eu falhasse. Então somente tinha que guiar os humanos que estavam em sua hora, para o seu lugar final. Onde era esse lugar dependia somente de como eles haviam se portado em sua vida. Mas em todo o tempo em que estava nesse “posto”, o lugar era sempre o mesmo. Os humanos costumam chamar de purgatório.

Como essas almas, desprovidas de qualquer grandeza se achavam importantes. Prepotentes! Eles cultuavam a idéia de que viveriam ao lado de Meu Pai. Ridículos! Dignos de pena! Se cada vez mais eles se afastavam do Seu propósito. Era degradante, viver na Terra, sendo obrigado a conviver com esses seres fracos e indignos, que agiam como se fossem o próprio Criador, mas não passavam de parasitas cometendo barbáries um contra os outros e destruindo toda a Criação Divina, que o Meu Pai idealizou para abrigá-los. E mesmo assim, Ele os amava e os perdoava todas às vezes.

Nós não éramos dignos de perdão! Nós não poderíamos errar!

Eu os observava enquanto fazia meu trabalho. E tinha que admitir que invejava a liberdade que eles tinham. Poder fazer o que quiser sabendo que sempre seriam acolhidos novamente. Sempre com uma nova chance. Poder ser você mesmo, sem tantas regras impostas.

Mas como eu amava Meu Pai acima de qualquer coisa. Tinha que aceitar a missão a mim concedida. Eu tinha que ter compaixão, e guiar essas almas terrenas para onde elas poderiam se livrar de todos os sentimentos ruins enraizados dentro delas.

Se elas conseguiam? Bem, isso não era comigo! Mas eu duvidava muito.




Patch Cipriano



Capítulo 1





Terminei de colocar minhas roupas na pequena mala doada, afinal eu não tinha muitos pertences meus. Dei uma olhada no imenso salão que funcionava como dormitório feminino. Não havia mais ninguém ali. A maioria das outras crianças estavam em horário escolar, e as pequenas faziam recreação na pracinha. Escolhi esse horário para juntar minhas coisas, para não aumentar a tristeza delas em me ver partir. Mas eu não tinha escolha, já havia feito dezoito anos e não poderia mais ficar ali. No único lugar em que conheci como lar.

– Está pronta? – Marília, a Assistente Social do abrigo, o mais perto que eu tive de uma mãe me chamou.

– Sim! – falei fechando o zíper e me virando para ela. Ela estava parada a porta, com os olhos vermelhos, demonstrando que esteve chorando escondida. – Está tudo bem! – falei abrindo os braços a convidando para um abraço.

–Oh, minha querida, eu sinto tanto não ter conseguido!- Marília disse chorando, me puxando para um abraço apertado. Ela era uma mulher grande, quarentona, de pele cor de oliva, com enormes óculos e usava os cabelos sempre presos em um coque perfeito. Toda a sua aparência e roupas que usava, lhe davam ares de severidade, mas Marília era um doce de pessoa com um coração enorme.

– Não é sua culpa! – falei me afastando e pegando a pequena valise. Ela retirou os óculos para poder enxugar os olhos. – Nós sabíamos que o meu caso seria difícil acontecer. – tentei passar confiança nas palavras para lhe dar certeza que eu não tinha nenhuma mágoa.

– Você tem certeza que não quer se despedir delas? – ela perguntou.

– Eu já passei um tempo com cada uma ontem. Não sei se agüento vê–las chorando. E não é como se eu fosse sumir. Sábado estarei de volta para uma visita.

Ela assentiu sorrindo. – Então vamos?

– Claro!- respondi respirando fundo, antes de segui–la pela porta.


Passei toda a viagem que fizemos de carro até minha casa nova, olhando pela janela, vendo as pessoas cruzando as calçadas com passos rápidos e firmes. O abrigo em que morei a vida toda era mais afastado da cidade, na área rural. Agora eu moraria na periferia. Muitos prédios de aparência descuidada. Algumas quadras de basquete de piso de cimento, onde alguns jovens brincavam com bolas. Alguns grupos de adolescentes estavam parados nas esquinas usando lenços de mesmas cores. Virei os olhos para as minhas mãos em meu colo e me encolhi no banco.

– O bairro não é muito bom! – disse Marília. – Mas a maioria é gente simples e se bem. – assenti. – Sinto não ter conseguido um apartamento melhor para você. Mas esse é o que dava para pagar o aluguel com o seu salário e é perto da sua escola.

– Não precisa se desculpar! O que você fez por mim, eu nem sei como agradecer, Marília. Você me conseguiu uma casa e um emprego.

– Sim, mas a condição e que você termine os estudos!

– Claro!- respondi.

– Falta pouco agora, ! Mais um ano você vai para a faculdade. – disse orgulhosa.

Sorri para ela. Era bom ter uma perspectiva de futuro.

O carro parou em frente ao um conjunto de prédios com vários blocos de quatro andares em volta de duas quadras esportivas. Fiquei um tempo observando aquelas paredes de tijolos a vista. Essa seria minha nova casa por muito tempo.

– Não posso descer para te acompanhar até lá, querida, tenho uma reunião daqui a quinze minutos. Mas venho te ver assim que puder.

– Sem problemas, Marília! Obrigada por tudo! – disse me abraçando a ela.

– Você sabe o numero do bloco e do apartamento, não é?

– Sim! Quarenta e quatro B!

–É o segundo prédio à esquerda, flor! Quarto andar. Tem tudo que você precisa dentro dele. Não se esqueça que começa a trabalhar hoje as 18hs. Você tem que pegar o metrô 54 para o Brooklyn. E amanhã pela manhã recomeça suas aulas.

– Eu já sei de tudo isso, Marília! –Sorri e abri a porta.

– Também não esqueça da sua consulta com o infectologista na quarta–feira. – ela falou mais alto.

– Já sei! – respondi rindo mais e abanando enquanto ela arrancava e o carro se afastava e depois virava o quarteirão.

Agora era comigo!


O apartamento era pequeno. Na verdade muito pequeno. Havia somente uma peça que servia como sala, quarto e cozinha, uma única janela e um banheiro. Mas para mim era um palácio! Um sofá cama lilás ficava na parede da direita, com uma TV de segunda mão em cima de uma mesinha ao lado. Uma bancada com dois bancos era o que servia de separação para a cozinha, que tinha uma geladeira antiga amarela, uma pia e um fogão. Dois armários aéreos combinavam com a geladeira.

Era lindo! E era meu!

Deixei minha mala no chão e escorreguei minha mochila pelo ombro largando ao seu lado e me atirei no sofá. Meu sofá!

Mas passada a euforia inicial, eu me dei conta que eu estava completamente sozinha. Olhei em volta tentando abafar meu pânico. Ainda não estava na hora, mas eu comecei a me arrumar para ir trabalhar. Quem sabe assim me distrairia um pouco.

Coloquei uma calça jeans e uma camiseta preta leve, de alcinhas, afinal estávamos no final do verão e a temperatura ainda era agradável. Prendi o cabelo em uma rabo de cavalo alto e calcei o tênis. Antes de pegar minhas chaves, abri as portas dos armários e encontrei um bilhete colado do lado de dentro de uma delas.

Não esqueça dos horários dos remédios!

Marília



Sorri e peguei meus comprimidos. Coloquei os dois na boca e com a ajuda de um pouco de água os fiz descer pela garganta. Guardei o vidro marrom do xarope na bolsa, esse eu teria que tomar no meio do expediente, mas com sorte ninguém iria perceber. Sai dando mais uma olhada no meu pequeno apartamento e saí.


BO'S ARCADE LANCHES. Dizia as letras vermelhas desbotadas em frente a uma pequena construção de alvenaria, com grandes janelas que mostravam uma decoração fora de moda. As mesas com bancos duplos nos dois lados, faziam uma fileira em gente ao balcão com altos bancos giratórios. Fatias de tortas e pasteis murchos eram expostos em pequenas vitrines envidraçadas.

, presumo? – um homem uns bons quilos acima do peso, com uma calvície bem acentuada falou assim que parei em frente ao balcão.

– Sim – respondi tentando não passar meu nervosismo.

– Essa é Loraine e o da cozinha é o Samuel, eu sou o Bo. – passei os olhos da mulher loira, muito maquiada com um avental branco, para o homem atrás da pequena vigia que ligava a cozinha. Ele piscou para mim. – Seu horário é das 2 PM até as 10PM. Correto? – Assenti. – Muito bem pode ir para os fundos, Loraine vai te explicar como funciona. – ele levantou a tampa do balcão e eu me abaixei para passá-la.

não é? Pode me chamar de Lora. – a loira me disse entregando um avental e uma rede de cabelo.

– Pode me chamar de ! – falei e ela sorriu. Amarrei o avental nas costas e prendi meu cabelo dentro da rede.

– As suas coisas pode ficar aqui.- ela apontou para uma prateleira de madeira, na parede lateral do depósito que continha varias caixas de garrafas de refrigerantes.- Não se preocupe que ninguém mexe em nada.

– Obrigada! – respondi.

– Vai dar tudo certo querida. No inicio parece complicado, mas logo você pega o ritmo.- A campainha da porta soou indicando que alguém entrara. – Vai, seu primeiro cliente! – Olhei para ela apavorada. – Não se preocupe é só anotar o que ele pedir e entregar para o Sam.

Respirei fundo, peguei a prancheta de suas mãos e fui até o salão. Eu já havia assistido milhões de filmes que apareciam garçonetes, mas isso era o Maximo que eu sabia sobre essa profissão.

Olhei o topo e uma cabeça tapada com boné, com fios negros escapando por baixo, aparecendo por sobre o encosto da cadeira da última mesa.

– O que... o que gostaria? – perguntei olhando fixamente para a prancheta em minhas mãos, fazendo força para que elas parassem de tremer. Levantei os olhos para o cliente. Foi então que eu O vi.

Os olhos negros que me fitaram com intensidade, fizeram meu coração falhar uma batida. Ele era alto e moreno. Músculos longos e esguios bem desenvolvidos, marcavam os braços, ombro largos e um sorriso que era meio debochado, meio sedutor. Ele usava uma regata preta justa. Uma calça de jeans negros, coturnos da mesma cor e um boné cinza desgastado na cabeça.

Engoli em seco.


Capítulo 2




Seus olhos negros ainda me olhavam com intensidade e os cantos de sua boca ainda inclinavam-se para cima. Meu coração falhou mais uma vez e naquele momento, um vazio tomou conta de mim, como uma sombra sobre a minha cabeça. Foi só por um instante, mas o suficiente para um calafrio de medo percorrer minha espinha, fazendo os cabelos da minha nuca se arrepiarem. Eu ainda o estava encarando. Seu sorriso não era amigável. Era um sorriso que soletrava encrenca. Como uma promessa.

– O que você sugere? – a sua voz era rouca, baixa e profunda. Fazendo uma onda de eletricidade deslizar pelo meu corpo. Pisquei algumas vezes tentando fazer com que meus neurônios voltassem a funcionar, mas só então eu percebi que não fazia idéia do que estava no menu. Olhei em volta desesperada tentando achar algum cartaz que me desse uma dica. – Primeiro dia, huh? – ele disse jogando o guardanapo de papel que segurava nas mãos, em cima da mesa.

– Sim. – confessei encabulada.

– Que sorte a minha! – ele disse irônico. – Mas uma xícara de café você tem competência para servir, não é?- estreitei meus olhos para ele, indignada com a pergunta. Que cara grosso! Assenti. – Então me traga uma! –disse fazendo um sinal de dispensa com a mão.

Saí batendo o pé. Ótimo! Comecei bem!

Lora corria de um lado para outro, servindo várias mesas ao mesmo tempo, enquanto eu me demorava em servir a xícara de café para meu primeiro cliente mal educado.

– Aqui flor! – ela me alcançou uma cestinha que continha saquinhos de adoçante e açúcar.

– Obrigada! – agradeci, equilibrando a xícara em cima da bandeja. Fazendo o possível para que o café não caísse para fora da dela. – Aqui está! – falei colocando xícara em frente a ele, minha voz um tom mais alto, por causa da raiva.

– Finalmente! – ele exclamou me fazendo respirar fundo. Seu perfume encheu meus pulmões, uma mistura de menta e... terra úmida.

– Mais alguma coisa?- perguntei secamente.

– Não! Obrigada... – me virei em direção ao balcão. – ... .

Brequei, olhando para ele atônita. Ele tirava a xícara devagar dos lábios largando sobre o pires.

– Como... Como você sabe meu nome?

Ele curvou os lábios em um meio sorriso novamente. – Está em seu avental! – falou sem me olhar.

Baixei os olhos para o meu peito onde tinha um broche com meu nome. Como eu não tinha percebido isso? Sacudi a cabeça, com vontade de me chutar pela minha burrice. Pronto! Agora ele confirma que eu sou uma total incompetente! Bufei.

Servi alguns clientes e quando percebi ele não estava mais lá. Fui até a mesa desocupada e recolhi a xícara vazia e passei um pano úmido vigorosamente na superfície de fórmica. O cheiro dele ainda estava ali. Quando estava saindo, alguma coisa me chamou a atenção, uma enorme pena negra estava no local onde o tal sujeito estava sentado antes. A peguei, girando em frente aos meus olhos. Nunca havia visto pena daquelas, não que eu entendesse de penas, mas aquela tinha um brilho furta–cor em meio ao negro. Algo não natural. Coloquei a pena no bolso do avental e corri para a cozinha. Tinha muita coisa para fazer e não podia ficar me distraindo.


Deixei meu corpo exausto cair na banqueta ao lado de engradados de refrigerantes. Estiquei minhas pernas, tentando relaxar os músculos doloridos.

– Cansada? – Lora perguntou, tirando o avental e a rede do cabelo. Assenti com um suspiro longo. – Não se preocupe que você acostuma.

– Obrigada pela a ajuda, Lora. – agradeci.

– Que isso, querida. Você me faz lembrar do meu primeiro dia. – ela sorriu.

– Querem uma carona? Aproveitem que hoje vim de carro. – Samuel disse colocando a cabeça para dentro do depósito.

– Claro que queremos, Sam! – Lora respondeu, piscando para mim.

Eu sentia que havia um clima entre Lora e Samuel, os olhos dele brilhavam quando olhava para ela. E algo me dizia que ela sabia disso.

! – Bo me chamou assim que passei pelo caixa, onde ele conava e separava o dinheiro.

– Sim?

– Sua gorjeta de hoje! – ele disse me estendendo um bolo de notas verdes.

Meus olhos se arregalaram.

– É meu? – perguntei duvidosa.

– Bem, se você não quer. – ele deu de ombros.

– Claro que quero! – o primeiro dinheiro ganho com meu trabalho. Sorri. – Obrigada! – agradeci.

– Não precisa agradecer. Foi você que recebeu porque mereceu.

Assenti. Eu nunca tinha me sentido tão feliz, tão... independente.

Sam e Lora me deixaram em frente aos blocos do meu prédio, me arrastei escada acima. Abri a porta do meu apartamento escuro e larguei a minha bolsa em cima da bancada, tirando de dentro dela o bolo de dinheiro. Contei nota por nota. Trinta e sete dólares formavam o montante. Peguei um pote de dentro do armário e coloquei a quantia dentro.

Depois de tomar um banho, tomar meus remédios, colocar uma camisola e lutar para abrir o sofá cama por algum tempo, meu corpo aterrissou em cima do colchão. Relaxei os músculos doloridos, fechando os olhos que já não tinha forças para manter abertos.

Eu já estava na beira do abismo do sono quando a voz rouca dele veio em minha mente.

? Seu cheiro preencheu o quarto.

– Sim! – respondi, muito além da inconsciência.

Me perdoa? – Ele me perguntou.

– Uhum. – respondi no momento em que os olhos negros apareciam em meu sonho.

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! – Vee me chamou assim que coloquei o pé para dentro da sala de literatura. Ela estava sentada em uma das mesas duplas do outro lado e sinalizou que eu sentasse ao seu lado.

Eu e Vee éramos amigas desde sempre, apesar de sermos completamente diferentes, éramos inseparáveis. Ela era loira, alta e tinha alguns quilinhos a mais do gênero gostosa. Morava em uma casa com pai, mãe, irmãos e cachorro. Enquanto eu tinha cabelos castanhos, corpo esguio e pernas longas. Além de ter morado em um abrigo desde sempre. Vee nunca ligou para isso, muito menos se importou com o fato de eu ser HIV+. Quando contei para ela parecia que havia dito que tinha uma verruga no dedão do pé. Ela só me perguntou se eu morreria logo. Quando eu respondi que não, que se eu me cuidasse viveria uma vida normal, ela deu de ombros e nunca mais tocou no assunto.

– E aí como foram as férias? – perguntei sentando na cadeira e deslizando minha mochila para cima da mesa.

– Que importa minha vida chata! Me diz quando vai ser A festa?- ela perguntou tão empolgada que praticamente quicava na cadeira.

– Que festa?- perguntei confusa.

– AFE! Helowwwwwwww! A festa no seu AP novo!- disse piscando os olhos teatralmente.

– Ah não, Vee! Ele é pequeno demais. Quantas pessoas vou colocar lá dentro? Três?

– E aí? Quanto mais apertado melhor. – disse sorrindo maliciosamente.

– Não! E não quero confusão com os vizinhos. Mas a gente pode combinar alguma coisa... – não terminei de falar porque Vee já não prestava mais a atenção em mim, e sim encarava a porta por cima de meu ombro com a boca escancarada.

– OH. MY. GOD. Me apaixonei! – ela disse com os olhos fixos. Me virei para ver o que ela encarava e vi ele.

Ele entrou na sala com os olhos fixos em mim. Aqueles olhos negros me incomodavam. Eles eram como imãs que impediam que eu desviasse. Eu engoli em seco discretamente e tentei ignorar o enjoativo sapateado no meu estômago. Eu não conseguia exatamente afirmar o que, mas algo nele não era correto. Algo nele não era normal. Algo não era... seguro.

Assisti ele deslizar a mochila surrada para cima da mesa dupla em nossa frente e depois sentar na classe bem a frente de Vee. Encostei as costas no encosto da cadeira e cruzei os braços na altura do peito.

– Oi!! Meu nome é Vee! – Vee se apresentou. O garoto olhou para ela de canto de olhos.

– Oi! – respondeu secamente. A mesma voz rouca me trazendo lembranças de um sonho louco, quase esquecido, que tive durante a noite.

– Essa é ! – ela apontou para mim, ainda tentando ser simpática, ignorando a hostilidade que emanava dele.

– Olá ! – disse com um sorriso em seus lábios. Um sorriso que me causava arrepios.

– Oi. – murmurei contrariada.

– Posso saber seu nome? – Vee perguntou ainda simpática. Tudo nele dizia que ele não queria conversa, mas Vee continuava insistindo.

– Me chamam de Patch! – ele respondeu olhando para frente. Então se virou me olhando fixamente. – Me chame de Patch!

Vee arregalou os olhos e abriu a boca em um “Wow” mudo. Nesse mesmo instante a Srta Winits entrou na sala, chamando a atenção de todos. Patch se virou para frente, se sentando preguiçosamente na cadeira, com as pernas esticadas, mas eu ainda podia ver um riso irônico de relance em seu rosto.

Capítulo 3




Eu estava sentada a mesa do refeitório na hora do almoço em frente à Vee. Nossas bandejas cheias com a comida nutritiva da Coldwater High Scool.

– E a dieta?- perguntei a Vee assim que ela deu uma dentada em um pedaço de pizza.

Ela revirou os olhos. – Começo na segunda!

– Mas hoje é segunda!

– Em qualquer outra segunda. – ela respondeu. – Mas me conte, como você conheceu Patch?

– Eu já disse, eu não o conheci! Ele só foi na lancheria onde trabalho. – disse dando uma mordida em um bolinho de consistência desconhecida. – Eu não gosto dele Vee. Ele é estranho, prepotente, grosso...

– Lindo, gostoso e atraentemente perigoso. – ela terminou o relato com um suspiro.

– Ele é um babaca!- respondi.

– Ora, ora, ora! Então foi aqui que veio parar toda a comida do Buffet! – Marcie Muller parou ao lado de nossa mesa. Seu cabelo loiro morango estava penteado em marias-chiquinhas baixas, e como sempre, sua pele estava oculta debaixo de meio tubo de base. Eu estava positivamente certa de que tinha acertado a quantidade certa, já que não havia um traço de suas sardas a vista. Havia dois dedos de diferença entre a bainha de sua saia e o começo de sua calcinha... se ela estava ao menos usando uma.

– Sua blusa está ao avesso, Marcie! Acho que você a colocou virada depois que deu uns amassos com o Brian embaixo da arquibancada. Ou hoje era dia do Steve?- Vee perguntou.

Marcie baixou o olhar rapidamente dando uma checada na blusa que usava. Depois levantou o rosto empinando o nariz.

– Estamos com dificuldade de achar alguém que preencha toda a fantasia do búfalo mascote da escola, porque você não se candidata? Garanto que não precisaria de enchimento. – Marcie alfinetou Vee.

– O que você quer Marcie? Não está na hora de você vomitar o seu almoço?- perguntei.

Ela desviou os olhos raivosos para mim. – Como foi suas férias ? Passou com a família?- então ela colocou a mão na boca teatralmente. – Ai! Me esqueci que você não tem família, nem sua mãe te quis! – disse e depois de uma meia volta, saindo em direção ao grupinho dela.

– Vaca! – xinguei.

– Deixa que eu vou lá acabar com a raça dela. – disse Vee se levantando.

– Não Vee! Ela não vale a pena! – eu já estava acostumada com esse tipo de insulto vindo por parte de Marcie. Era assim desde a sexta série. Já fazia tempo que isso não me atingia. Enfiei rapidamente os dois comprimidos na boca e os engoli com ajuda de um gole de suco. – Vamos eu estamos atrasadas.

– Que aula você tem agora?- ela perguntou enquanto andávamos pelo corredor.

– Química avançada. E você?

– Educação Física.- ela fez uma careta.

O sinal soou nos indicando o quanto estávamos atrasadas. Nos despedimos e eu peguei a direção das escadas, enquanto Vee ia para o Ginásio.

Cheguei na sala e o Sr Grenne, gentilmente apelidado de Sr Cabeça–de–batata pelos alunos, por sua semelhança com o brinquedo, já estava. Ele baixou os óculos até a ponta o nariz, me encarando por cima deles. – Sente–se Srta , para que eu possa começar a aula!

Assenti e olhei em volta. Todas as mesas duplas do laboratório estava ocupadas, menos uma. Tranquei a respiração quando vi quem seria meu parceiro de laboratório. A roupa escura que ele usava, o fazia se destacar entre os outros alunos que usavam avental branco. Não que ele precisasse disso para chamar a atenção. O seu corpo perfeito, mal escondido embaixo das roupas que usava já chamavam atenção por si. Não que eu estivesse olhando o corpo dele.

Patch sorriu, mesmo que seus olhos não tenham se levantado de baixo da aba de boné para me ver entrar. Uma tossida forçada do Sr Grenne me obrigou fazer meus pés irem em direção a mesa. Por mais que meu cérebro me mandasse sair correndo em direção oposta gritando “Fogo!”

Joguei minha mochila na mesa e o mais distante dele que ela permitia, me sentei. O Sr Grenne começou a rabiscar no quadro negro ignorando as conversas paralelas da turma. Bom, eu teria que começar um dialogo amigável, já que dividiríamos essa mesa por todo o semestre. Limpei minha garganta.

– Mundo pequeno!- comecei.

Ele riu. – Minúsculo!

– Você mora perto do Bo’s?- perguntei. Ele me olhou e riu como se eu tivesse acabado de contar uma piada.

– Não!- respondeu.

Agora eu tinha certeza que ele ria da minha cara.

Ainda continuei sustentando seu olhar. Os olhos de Patch eram órbitas negras. Retendo tudo e retornando nada. Não que eu quisesse saber mais sobre o Patch. Já que eu não tinha gostado do que eu tinha visto na superfície, eu duvidava de que eu gostaria do que estivesse espreitando lá no fundo.

Ok! Eu tinha gostado muito do que tinha visto na superfície.

Respirei fundo. – Cadê o seu... ?- levantei a gola do meu avental.

– Não tenho. – ele respondeu simplesmente virando para olhar para frente.

Qual era o problema desse cara? Ele tinha passado a aula toda de Literatura sem nem abrir a mochila para tirar um caderno e fazer uma anotação, muito menos tinha aberto o livro que a Srta Winits mandou e ela não reclamou nenhuma vez dele. Agora ele estava em um laboratório em que era obrigatório o uso de avental, sem avental. E ainda usava boné, o que também era proibido. Mas alguém parecia notar? Não.

Para confirmar minha teoria, Patch abriu a mochila e tirou de dentro um iPod e colocou os fones no ouvido, assim que o Sr Grenne começou a explicar o tipo de experimento que faríamos no primeiro trabalho em dupla do laboratório. O que certamente valia nota.

Bufei! Pelo jeito levaria essa dupla nas costas. Que sorte a minha! pensei irônica.

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– Não vou poder te levar em casa hoje, menina. Estou sem carro.- Sam disse da cozinha.

– Sem problemas Sam!- respondi enquanto lavava alguns copos.

– Ele nos acostumou mal! Não foi ?- Lora passou por mim equilibrando uma bandeja cheia com os pedidos.

– Eu vou de trem. E se Deus quiser em breve terei meu próprio carrinho. – falei.

– Daí vai ser a sua vez de nos dar uma carona.- Sam falou.

– Com todo prazer!- respondi.

Nesse momento um arrepio desceu pela minha coluna. Como se alguém me observasse. Me virei. A lancheria estava quase vazia, já estava tarde, e lá fora a escuridão não me deixava enxergar além das vidraças. Sacudi a cabeça tentando me livrar da sensação ruim que me abatia.



Apertei os braços entorno do meu corpo tentando manter o pouco calor que meu casaco de moletom me dava. A temperatura havia caído repentinamente. O que fez eu ter vestido uma saia pela manhã, ser uma péssima idéia. O frio fazia com que as ruas normalmente vazias, ficarem mais desertas.

Apurei o passo pelas ruas escuras, com a nítida sensação de ter alguém me seguindo. Olhei para trás varias vezes, apesar de ter algumas pessoas pela rua, ninguém me parecia suspeito. Mas a sensação continuava.

Atravessei correndo a rua molhada pela garoa fina que caia e dobrei a esquina. Eu já podia ver a Avenida no final da rua, onde pegaria o acesso para o metrô.

– Ei gatinha! – uma voz masculina chamou atrás de mim, mas eu não me virei para ver quem era. Manti o olhar fixo no chão e aumentei o tamanho das passadas. – O que uma moça bonita está fazendo na rua a essa hora? – a voz soou agora mais perto.

– Me deixe em paz! – falei. Eu estava praticamente correndo.

– Eu estou tentando ser simpático!- o desconhecido falou.

– Vá embora! – gritei me virando para ver seu rosto. Quando algo duro acertou meu queixo, me fazendo cair contra a parede.

– Ô vadia! Não se deve tratar assim as pessoas!- outro homem se juntou ao primeiro. Tentei me levantar , mas um deles me deu um chute na barriga. Senti uma dor alucinante no estômago e cai curvada.

– Me ajuda a levar ela para o beco! – um deles falou.

– Passa a bolsa sua cadela!

A minha bolsa foi arrancada e outro chute explodiu em minhas costelas.

– Ela é muito gostosa para desperdiçar, meu!

– Não! Leva a bolsa! Leva a bolsa! – eu choraminguei, enquanto um deles me segurou contra o chão, prendendo meus pulsos. – Não! – eu chorava. Um segurava as minhas mãos enquanto o outro se sentava em cima de mim. – Eu tenho HIV! – consegui colocar para fora.

– Que vadia! Ela é aidética! – um deles disse. Os dois se levantaram ao mesmo tempo e começaram a me chutar. Eu só tive tempo de proteger o rosto e me dobrar, enquanto mais e mais chutes vinham. Eu só queria que eles terminassem logo. Porque eu tinha certeza que era o fim!

Então tudo parou.

– Quem é você?- um deles perguntou.

– Sou seu pior pesadelo! – a voz de Patch soou intensa como um trovão.


Capítulo 4




Patch!

O que se seguiu foi barulho de carne sendo socada e urros. Eu não podia saber quem estava apanhando, então forcei os olhos a se abrirem, mesmo sentindo eles inchados. Me apoiei na parede áspera tentando erguer meu corpo com dificuldade, por causa da dor alucinante que se espalhava pelo meu corpo.

Patch socava um dos homens, enquanto o outro estava caído e meio à sacos de lixo no outro lado do beco.

– Pare! – falei. Minha voz saindo não mais que um sussurro. – Patch pare! Você vai matá-lo! – cambaleei até o seu lado e toquei de leve em seu braço.

Ele parou por um momento me olhando com intensidade. Depois soltou o homem devagar.

– Suma daqui! – ele rosnou para o homem caído, que se arrastou pelos cotovelos e depois se levantou com dificuldade indo até o comparsa. – Você está bem? – ele me perguntou alarmado. Mas tudo que se seguiu foi muito rápido. O homem colocou a mão nas costas do comparsa, puxando um revolver prateado. Ele mirou em Patch e atirou.

Eu não pensei em nada, só me joguei em frente à Patch, acabando por cair em seus braços. Senti uma dor aguda atravessando minhas costas, me queimando por dentro.

Porque você fez isso?

A pergunta de Patch veio direto dos meus pensamentos.

Porque eu fiz isso? Por que eu não podia ver alguém morrer por minha causa.

Senti um gelo substituir a queimação do ferimento e um liquido quente empapando minhas roupas. Sangue! Meu sangue!

Tentei me afastar de Patch, mas minhas pernas não me obedeciam mais. Tudo que me mantinha em pé era o aperto dos braços dele em minha cintura.

– Anjo!- ele disse.

– Não! Sangue! Eu.. tenho... HIV. – consegui falar com o restante do ar que eu tinha nos pulmões, mas ele não parecia se importar.

– Shhhh! Tudo bem! Vai ficar tudo bem!- ele sussurrou.

Será que ele não entendia? Ele tinha que se afastar do meu sangue!

Patch me deitou vagarosamente no chão, enquanto pegava um celular do bolso da calça.

– Eu não vou deixar! Não dessa vez!- ele disse, mas não parecia que ele falava comigo.

Me afundei na inconsciência.

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A luz cegante me forçou a piscar antes de poder abrir os olhos novamente.

Eu estava em um campo verde, de relva alta, que batia acima da minha cintura. O campo era tão extenso que ia até onde a vista alcançava. E o céu tão claro que doía os olhos se eu olhasse por um tempo a mais para ele. A única coisa que se destacava em meio a paisagem, era uma estrondosa árvore, de tronco grosso e sinuoso e folhas extremamente vermelhas.

Patch estava apoiado nela.

– Como... como você me trouxe aqui?- perguntei.

– Não fui eu que te trouxe, foi você que me trouxe.

– Eu? Mas eu nem sei que lugar é esse!

Ele se aproximou parando em minha frente.

– Muito menos eu! Se eu fosse escolher... – ele sorriu malicioso.- Bem, tenho outros lugares em mente que gostaria de te levar. E não um lugar chato!

– Chato? Esse lugar é lindo!- Rspondi. Patch gargalhou. - Mesmo não tendo idéia de como vim parar aqui. Por que a ultima coisa que me lembro foi... – arregalei os olhos. OMG!OMG!OMG! – Eu morri, não foi?

Ele se aproximou mais, o mesmo sorriso no rosto.

– Não! Você não morreu!

– Eu não morri? Então isso é um sonho?

– Não é um sonho tão pouco. – Patch respondeu.

– Se isso não é um sonho, o que você está fazendo aqui?- perguntei colocando as mãos na cintura.

– Por quê? Você anda sonhando comigo, Anjo?- ele perguntou com um sorriso provocante.

– Não! Claro que não! – Sim eu andava, mas seria a ultima coisa que iria admitir para ele.

Você mente muito mal, Anjo! ele gargalhou.

Claro que eu estava sonhando. Como se explica ele estar falando direto nos meus pensamentos?

– E você mente muito bem!- rebati.

A expressão dele mudou. – Você vai ficar bem! Eu não vou deixar nada de ruim te acontecer. – Patch levantou a mão e colocou uma mexa do meu cabelo para trás de minha orelha. – Mas você precisa abrir os olhos!

Abrir os olhos? Como assim? Eu estava de olhos abertos.

– Abra os olhos ! – Patch ordenou.

Um flash me fez cambalear para trás.

- Pupilas estão iguais e reativas. ... – Não era a voz de Patch!

– Você precisa fazer isso! Precisa acordar! – Patch disse.

–Peçam a tipagem do sangue.... – A voz estranha novamente me fez olhar para os lados.

– Quem está falando?- perguntei a Patch. Outro flash, dessa vez me jogando no chão.

-Sem resposta. Sem pulso... Carregue em 360.... Afastem.

– Agora! – Patch gritou.

Abri os olhos. Pessoas estranhas vestidos de verde e branco corriam a minha volta. Eu estava em uma sala iluminada.

– Ok, tem ritmo sino-atrial. – uma mulher disse.

– Respiração espontânea, mas fique com a bolsa pronta.

– Ela voltou! Está estabilizada! Direto para a cirurgia! – senti a maca onde estava se movimentando, enquanto tentava clarear meus pensamentos.

Capítulo 5




Pisquei os olhos várias vezes tentando da forma as coisas ao meu redor, a fim de que eu pudesse descobrir onde estava. As placas de gesso do teto, com suas luzes fluorescente não ajudavam na localização.



– Hey! Você acordou? – a voz de Vee me fez virar a cabeça rapidamente. O que me arrependi de imediato.



– Ai! – gemi voltando a cabeça para posição anterior, mas mesmo isso não fez a dor aliviar.



– Calma! Você quer alguma coisa? Está com muita dor? – Vee apareceu n meu campo de visão.



– Quero meu corpo de volta! – choraminguei sentindo as fisgadas por todo o lado. – Acho que o que eu tenho está um bolo de carne. – eu me sentia como se tivesse passado por um moedor.



– Você se lembra do que aconteceu?- Vee me perguntou.



– Sim! Me lembro de tudo! Onde está Patch? – perguntei me ajeitando devagar na cama.



– Patch? – Vee juntou as sobrancelhas em uma careta confusa. – Não sei! Não deve estar fazendo nada de bom, acredito. Porque? O que tem ele?



– Patch estava comigo quando... – minha mão foi para o meu abdômen, por onde a bala havia saído. Não havia nada lá!



- Patch estava com você? Isso é novidade!- então Vee arregalou os olhos e escancarou a boca. - OMG! OMG! OMG! Foi ele quem fez isso com você? Temos que avisar a polícia! - ela colocou as mãos na cabeça.



- Não Vee! Tá doida? Não foi ele! Patch me ajudou, se não fosse por ele eu não estaria viva.



- Tem certeza! Porque a policia não achou o agressor! E o que ele estava fazendo junto com você?- ela perguntou desconfiada.



- Não sei! Talvez ele more por perto!



- Tem certeza que ele estava mesmo lá? Patch não tem jeito de herói. Na verdade acredito que ele esteja mais para o outro lado.



- Claro que tenho certeza, Vee! Ele estava lá, inclusive quando levei o tiro! - falei, mas minha cabeça estava mesmo um pouco confusa. Tinha um sonhos com um campo misturado com as lembranças da realidade.



- Tiro? Que tiro? - Vee perguntou. - você sofreu uma tentativa de assalto. Foi agredida, teve algumas costelas quebradas, o baço perfurado, o que fez você sofrer um cirurgia de emergência. Mas tiro não.



- O que, Vee? - perguntei confusa como se não tivesse escutado direito.



- Faz três dias que você acorda e dorme novamente, deve estar confusa.



– Eu posso estar confusa Vee, mas eu sei que levei um tiro.- afastei os lençóis e levantei a camisola hospitalar até a altura do peito. – Aqui ó? – apontei para um circulo rosa do tamanho de uma moeda de 50 cents. Franzi as sobrancelhas confusa olhando para a pequena marca rosada.



Vee me olhou cautelosa.



– Acho que você bateu a cabeça para valer. Isso pode até ser uma queimadura leve, mas tiro ?



Olhei para ela ainda confusa, realmente as lembranças daquela noite estavam borradas e confusas. Eram um ou dois homens? Patch já estava comigo ou apareceu depois? Ele realmente estava lá? Não ele estava sim. Eu tenho certeza disso! Bem, o único que poderia me ajudar a entender o que havia acontecido naquela noite era ele.



– Minha querida! – Marília disse emocionada entrando pela porta do quarto. – Que bom que está bem!



– Bem, bem ela não está! – Vee disse.



– Não? O que você está sentindo?- Marília perguntou.



– Não estou sentindo nada!- falei olhando para Vee com olhos semicerrados. – Estou um pouco dolorida, mas estou bem.



– Que bom Anjo! Assim você pode ir para casa logo!



Anjo? A lembrança de Patch me chamando assim veio em meio ao caos da minhas lembranças.



– Pra casa? – Minha casa!



– Sim! – Marília respondeu. – Você vai morar comigo!



– O que? – eu e Vee dissemos juntas.



– Claro, ! Vc não acha que eu te deixaria sozinha depois do que aconteceu! Não é?



– Marília o que aconteceu poderia ter acontecido eu estando morando no abrigo ainda. Eu não quero ser motivo de brigas entre você e o Raul.



Eu sabia que o marido de Marília era totalmente contra a minha ida para casa dela. Isso já tinha sido motivo de muitas brigas entre os dois. Eu não queria ser a razão de mais uma.



– Deixa que eu me entendo com ele, flor.



– Não, Marília! Eu vou para a minha casa! – bati o pé. Eu era maior de idade, responsável por mim mesma, nada me faria deixar a minha casa.



Marília sabia disso, por isso torceu o nariz para minha decisão.



– Você me parece bem melhor!- Uma enfermeira com um crachá dizendo Beth disse sorridente entrando pela porta do quarto. – Assim, logo você vai poder ir para casa. – ela falou.



Sorri. Pois bem, logo após ir para casa eu iria atrás de Patch. Pensei.


7 comentários:

Lohanne disse...

{aaaaaaaaaaaaaA}, perfeito perfeito perfeito perfeito perfeito perfeito perfeito perfeito perfeito perfeito.
Anjo negro é uma das minhas fincs favoritas!
Parabéns.s2

Rita disse...

Eu quero um anjo assim na minha vida!!!
Patch é TUDO DE BOM!!!!
PERFEITO!!!

Anônimo disse...

oi adorei essa historia o Patch é perfeito. sou leitora nova vanu

Lay disse...

*-----------*
tipo, tudo de bom *p* adorei mesmo. (: Maravilhosoo

Anônimo disse...

Adorei!Posta +?!

Anônimo disse...

U-A-U Adorei o começo muito diferente gostei,posta mais!!!!

Larissa disse...

Garota continua!!