Caminhei o mais rápido que pude para não chamar a atenção dos humanos para a minha velocidade. Cruzei os corredores cheios de alunos até chegar ao refeitório. Agora começava a minha atuação, tinha que me passar por uma garota comum. Quando passei pelas portas duplas senti a ardência da minha garganta aumentar, causada pela concentração das crianças dentro do refeitório. Tranquei a respiração instintivamente até que me certificasse que estava totalmente sobre controle. Puxei um pouco o ar e percebi que mesmo com a ardência, o monstro estava adormecido. Peguei uma bandeja e coloquei alguns alimentos aleatórios sem me importar muito com o que realmente era. Paguei pela comida e dei mais uns passos olhando em volta.
Os Cullens estavam sentados em uma mesa no canto do refeitório. Eles me encaravam curiosos. Alice sorriu e abanou a mão me cumprimentando. Sorri para ela, mas quando o meus olhos cruzaram com o olhar de Edward meu sorriso morreu.
Olhei novamente em volta e encontrei uma mesa vazia no lado oposto aos Cullens. Foi lá que decidi me sentar. Peguei uma maçã e comecei a gira-la na mão desinteressadamente.
- Oi !- Jéssica parou ao lado da mesa. – Não quer se sentar com a gente? – ela apontou para uma mesa onde três garotos, Bella e mais uma garota esguia me olhavam curiosos.
- Desculpe Jéssica, mas a já havia prometido se sentar com a gente. – disse Alice aparecendo de repente. – Não é mesmo ?
Eu não queria me sentar com os Cullens, não queria mesmo. Mas eu sempre soube que não é seguro ficar tão próxima aos humanos, sem colocar em risco o nosso segredo. Eu realmente não tinha saída.
- Desculpe Jéssica, mas a Alice tem razão. – falei me levantando e pegando minha bandeja. – Fica para outra ocasião, ok?
Jéssica olhava de mim para Alice com os olhos arregalados. – Cla- claro! – ela disse antes de se virar e praticamente sair correndo.
- De nada!- Alice disse sorrindo.
- Alice, não é nada com você, mas eu realmente não vou me sentar com vocês. Inclusive eu até já terminei! – falei, levantando um pouco a minha bandeja de comida intocada.
Ouvi Edward suspirar resignado, mas não desviei o meu olhar para encará-lo. Ele sabia muito bem que ele era o motivo de eu não querer me juntar aos Cullens. Vampiro enxerido!
Caminhei em direção à porta, aproveitando para despejar a comida da bandeja no lixo e a depositar no aparador. A minha próxima aula seria Biologia II. Fui até meu armário trocar meus livros antes da aula. No meio do corredor que dava para a área aberta da escola, comecei a sentir que estava sendo observada. Corri os olhos pelas árvores que costeavam a floresta, mas não vi nada de estranho. Mas algo não estava certo. Puxei o ar várias vezes tentando identificar algum cheiro diferente, mas nada vinha. Acelerei o passo indo direto para a sala de aula.
O professor Sr Banner já havia chegado, mas poucas mesas do laboratório estavam ocupadas. Entreguei a ele minha ficha e ele me apontou uma das mesas, para que eu me sentasse lá. Larguei minha mochila e olhei em volta. Bella estava em dupla com uma das meninas que estava na mesa com ela. Ela me cumprimentou com um abano de mão exagerado. Respondi comum aceno de cabeça e um sorriso sem dentes.
A porta se abriu e mais um grupo de estudantes entraram, atrás deles entrou Edward Cullen. Todos os meus músculos ficaram tensos na mesma hora. Edward fixou os olhos em mim, e levantou o canto dos lábios em um meio sorriso. Novamente a sensação estranha no meu estômago quando o vi sorrir. Desviei os olhos dele para o livro aberto em minha frente. Comecei a repassar, a leitura mentalmente, ocupando meus pensamentos.
- Olá ! – Edward disse se sentando à mesa ao meu lado. Olhei pra ele – Parece que seremos colegas de laboratório! – ele disse e sorriu.
- Só que me faltava! – exclamei, me virando para frente.
Ele sorriu um pouco mais. – Prometo me comportar.
O professor chamou a atenção da turma para a próxima tarefa que deveria ser entregue na próxima semana.
- Amensalismo ou Antibiose, é a relação ecológica onde uma espécie inibidora, impede a reprodução ou o crescimento de outra espécie, denominada amensal, através da liberação de substâncias tóxicas. - Sr. Banner continuou explicando. – Cada dupla deve catalogar até dez espécies regionais que apresentam essa característica.
Comecei a bater minha caneta impacientemente na mesa, fazer um trabalho em dupla com Edward Cullen era tudo que eu menos queria na minha existência.
- Na sua casa ou na minha?- Edward perguntou.
- Não é necessário, eu posso perfeitamente fazer o trabalho e colocar seu nome.- respondi.
- Isso está fora de cogitação!
- Eu não me importo Cullen!
- Na minha casa hoje à tarde. - Ele disse antes de se levantar e sair. Um milésimo de segundo antes de soar o sinal.
Eu também juntei meu material e saí. Ainda tinha mais um período torturante de aula de trigonometria, antes de poder ir para casa.
Passei na biblioteca procurando livros sobre as espécies botânicas locais e acabei me demorando mais do que o eu queria. Quando saí não havia quase nenhum carro no estacionamento.
Novamente a sensação de ser observada fez com que os pelos da minha nuca se arrepiassem. Agucei os meus ouvidos, mas só conseguia ouvir os meus tênis batendo contra o asfalto do estacionamento. Mais longe na alto-estrada os carros passavam. Alguém ouvia uma musica em um rádio em alguma casa vizinha.
Passei os olhos pelos primeiros galhos das árvores. Um corvo estava quieto e rodeado por folhas. Ele estava me observando. Ele era o maior corvo que eu já havia visto. Observei todos os seus detalhes. As penas negras e brilhantes, as garras escuras, o enorme bico e os olhos brilhantes. Olhos que me encaravam fixamente.
Meu celular vibrou e eu consegui desviar os olhos da ave com dificuldade, parecia que ela me chamava. Olhei o visor do celular e não reconheci o número.
- Alô! – atendi.
- ! - Era Edward. A sua voz aliviada.
- O que você quer? – perguntei indignada.
Você está bem? Onde você está?
Olhei novamente para o galho em que o corvo estava. A ave não estava mais lá.
- Estou sim! – pelo menos eu achava que sim. Respondi só a primeira ignorando a segunda pergunta, não tinha porque dar tantas informações a ele. – Mas porque essa pergunta?
- Alice teve uma visão, mas não deu para entender direito. Parecia que você estava em... perigo.
-Alice está enganada! Eu estou bem Edward! – mas eu não tinha total certeza disso. – Na verdade estou indo para sua casa.- eu disse mas já me arrependendo. Desde quando eu devia satisfações a ele?
- Estarei te esperando!- ele disse antes de desligar.
Entrei no Porsche de Stefan, ainda com a sensação incomoda. Sacudi a cabeça, colocando a chave na ignição e dando a partida. Em pouco tempo estaria na casa dos Cullens.
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