terça-feira, 9 de agosto de 2011

Memórias (FINALIZADA)

Memórias




















Por: Ane Halfen | Beta: Raphinha Cullen
























Capítulo 1





Abri os olhos devagar, mas tornei a fechá-los por causa da luminosidade. Tentei me mexer, mas a dor me impediu. Senti que havia alguma coisa na minha boca, e que barulhos e bips vinham de todos os lugares. Abri novamente os olhos, os deixando aberto mesmo com a dor, para poder me acostumar com a luz. Pisquei várias vezes, foi então que as formas começaram a tomar sentido no meu campo de visão. Onde eu estava? O quarto era branco e luminoso. Havia aparelhos barulhentos com fios que se ligavam a mim. Um equipo saia do meu braço e se conectava ao soro que pingava dependurado em um suporte. Um hospital. - pensei. Não conseguia falar porque estava entubada. OMG, o que aconteceu comigo? Olhei em volta tentando me localizar melhor e vi que um rapaz com cabelo cor de bronze, estava sentado em uma poltrona, dormindo. Ele parecia cansado.



Me remexi devagar e ofeguei quando a dor me atingiu. Eu deveria estar bem machucada. O bip do eletrocardiograma aumentou de intensidade o que me fez olhá-lo imediatamente. Pela característica das ondas cardíacas eu estava com uma pequena arritmia. Provavelmente causado pela dor.



Mas da onde eu tirei esse conhecimento? Olhei para o teto, tentando me lembrar qual era minha última recordação. Eu me lembrava claramente da minha formatura do colegial, em ter sido aceita na BBK, uma das melhores faculdades de Medicina no Reino Unido.



- ?- virei o rosto para o garoto antes adormecido, mas que agora chamava meu nome. Realmente eu não me recordava dele. – , você está bem? – ele parecia aliviado e preocupado ao mesmo tempo.




Tentei falar, mas o incômodo tubo na minha garganta não permitia. Somente assenti. Ele se aproximou e segurou a minha mão, nesse mesmo momento uma onda elétrica percorreu meu corpo, o que fez o bip acelerar junto com meus batimentos cardíacos. Meu corpo reagia a esse garoto desconhecido. Mas o porque eu não sabia.



- Espera que eu vou chamar alguém. – ele disse saindo pela porta.



Olhei novamente para o teto, tentando reorganizar meus pensamentos. Nada. Não tinha idéia de como eu havia vindo parar naquele hospital. Só sabia que eu não deveria estar muito bem, pela quantidade de aparelhos conectados a mim.



- ! Que susto que a Srta nos deu! – Um Sr de jaleco branco com uma prancheta na mão, disse ao entrar no quarto, sendo seguido por mais cinco jovens de jalecos, mais o garoto loiro. Todos eles sorriam para mim.




Ele deve ser meu médico!- pensei. Me movimentei para mostrar que queria me comunicar. As perguntas fervilhavam em minha cabeça.



- Calma. – ele disse examinando o monitor do eletrocardiograma. E logo depois arregalando meus olhos e colocando o feixe de uma lanterninha, testando minhas pupilas pra ver meus reflexos neurológicos. Sério, de onde eu tirava esses conhecimentos científicos? – Hmm- ele continuou. – Os reflexos estão bons. Acho que podemos desentuba-la.



Uma das garotas de jaleco se aproximou sorrindo. – Calma , já vou te livrar disso. – ela disse e logo depois piscando pra mim. – Vai ser um pouquinho desconfortável, mas isso não é nada que você já não saiba, né?- ela sorriu.




Com cuidado ela desconectou o tubo do respirador e depois o puxou de uma vez, o que me fez tossir.



- Bem vinda de volta!- o garoto loiro disse sorrindo e se aproximando de mim.



-Quem... *cof cof* (N/A onomatopéia de tossida).



-, preferia que você não falasse por agora ok? Você ficou sete dias com o respirador e isso pode afetar as cordas vocais. – o médico me disse sorrindo.- Por favor me responda só com a cabeça.




Fiz que sim confirmando.



-Você está sentindo dor?



Eu fiz que sim com a cabeça.




- Vou aumentar um pouco a dose da morfina. – o velho médico disse fazendo uma anotação na minha ficha. - Você sabe onde está?



Fiz um movimento de mais ou menos com a cabeça. Ele anotou na prancheta.



- Você está no Hospital Seamen. Onde você faz residência.



Arregalei os olhos, surpresa.



-Você não se lembra de estudar aqui?- ele perguntou sério.



Fiz que não com a cabeça. Ele anotou na ficha novamente.




- Você se lembra do porque veio parar aqui?



Fiz que não com a cabeça novamente.




-Você sofreu um acidente de carro. Sorte sua que estivesse de cinto de segurança, poderia ter sido pior. Mas mesmo assim você teve um traumatismo craniano e ficou sete dias em coma. Mas fora isso nenhuma outra lesão importante. Somente contusões e cortes superficiais.



Eu ofeguei com o choque das informações.



-Você não recorda dos seus colegas? – ele apontou para os cinco jovens atrás dele que agora me olhavam preocupados. Eram três garotas e dois garotos.



Fiz que não com a cabeça.



-Você não se lembra de mim?- ele perguntou me avaliando. – Sou o Dr. Thomas Hodgkin, seu professor e instrutor nos últimos dois anos.



Fiz que não novamente.




-Hmmm. – ele resmungou pensativo. – Vou pedir outra tomografia. - ele falou se dirigindo pela primeira vez ao garoto loiro que observava tudo preocupado.



- O que ela tem doutor?- o garoto perguntou dando um passo pra frente.




- Ela me parece estar com amnésia. – o médico respondeu. – O coagulo pode ter afetado alguma área do cérebro. Mas calma. – ele disse colocando a mão no ombro do garoto. – Vamos esperar que seja somente uma amnésia temporária. – O garoto assentiu me olhando tristemente. – Bom . Vamos te deixar descansar. – Dr. Thomas disse passando a mão pelo meu rosto.



Ele foi até a porta a segurando aberta para que os outros o seguissem, e logo após fazendo um sinal com a cabeça para que o garoto loiro o acompanhasse. O que ele fez, mas antes de sair ele se aproximou e beijou minha testa.



Respirei fundo e fechei os olhos tentando dar ordem ao caos que estava minha cabeça. Bom, primeiro eu já era residente, o que significava pelo menos uns cinco anos de faculdade. OMG! Nós devíamos estar no mínimo em 2008! Segundo: eu havia sofrido um acidente de carro, só que não me disseram se eu estava dirigindo, nem me lembrava de ter um carro. Imagine se eu destruí o carro da minha mãe, ela iria me matar. Mas onde estava minha mãe?



Corri os olhos pelo quarto novamente, só agora reparando que estavam cheios de buquês de flores. Mas eu estava muito preocupada com a minha mãe pra poder admirá-las melhor. Levantei meu braço para chamar alguma enfermeira ou outra pessoa que pudesse me dar mais informações, mas antes de alcançar o botão a porta se abriu e o garoto loiro entrou por ela. Ele sorriu pra mim, e eu não pude deixar de retribuir o sorriso.



-Olá você! – ele me disse baixinho se sentando ao meu lado. – Você me deu o maior susto sabia? – ele sorriu e pegou a minha mão. – Mas agora tudo vai ficar bem.



Respirei fundo eu precisava de noticias. - Minha mãe?- minha voz saiu grossa arranhando minha garganta dolorida.




-Shhh, não fale! - o garoto me disse passando a mão no meu rosto. – Eu liguei pra ela agora a pouco, ela já deve estar vindo pra cá. – Suspirei aliviada com a informação. – ? Você não se lembra de mim? – ele perguntou um pouco agoniado.




Fiz que não com a cabeça. Um pouco envergonhada por isso. Pois ele devia ser importante, já que me tratava com tanto carinho.



Ele sorriu, mas seus olhos verdes continuavam tristes. – Tudo bem, isso não vai ser permanente. Mas vamos facilitar por enquanto. – ele sorriu um pouco mais. – Sou Robert Pattinson! Ou Rob como você me chamava. Somos namorados!- ele levantou minha mão e deu um beijo.



NAMORADOS!!! Arregalei os olhos surpresa. Esse Deus Grego era meu namorado?



Capítulo 2




Não pude matar minha curiosidade. Logo uma enfermeira entrou no quarto com uma bandeja com medicamentos. Robert se afastou para que ela pudesse trabalhar.



- Como está querida?- ela perguntou simpática. Somente sorri em reposta enquanto ela media a minha pressão. Levantei os olhos para ver o valor que ela assinalava em minha ficha: 12 por 8. Pressão normal. Logo depois ela colocou um termômetro em baixo do meu braço e enquanto esperava pela medição injetou um medicamento no butter do meu braço. Uni as sobrancelhas e ela reparou. – É só seu sedativo. Para as dores. – ela explicou e eu assenti. Me deu mais três comprimidos que eu engoli com ajuda de um pouco de água. – São os antibióticos. - ela explicou novamente. Depois retirou o termômetro e anotou a temperatura na ficha: 36 graus. – Perfeito. - ela disse antes de se retirar pela porta.



Logo que ela saiu Robert voltou a sentar ao meu lado e colocou sua mão no meu rosto.




- Eu te amo tanto, . - ele disse. - Não sei o que faria sem você na minha vida. -Eu sorri, mas minhas pálpebras já pesavam por causa do sedativo. Eu queria tanto me lembrar dele, mas eu sentia que também o amava muito – Durma meu amor. Eu vou ficar aqui te cuidando. Adormeci sentindo seu carinho no meu rosto.



Acordei não sei quanto tempo depois. Olhei em volta e minha mãe lendo uma revista, ela estava sentada onde antes Rob estava adormecido. Ele não estava no quarto.



- Mãe! – a chamei com minha voz rouca. Ela soltou a revista e veio em minha direção se sentando na cadeira ao meu lado.



- Filha, que bom te ver acordada! – ela falou sorrindo. Minha mãe estava um pouco mais envelhecida do que eu me lembrava.



- Mãe o que foi que aconteceu?



- Oh querida! O Dr. Thomas já me disse que você perdeu parte da sua memória. Você sofreu um acidente, amor!



Já haviam me dito, mas ouvir de minha mãe ao invés de supostos conhecidos tornava os fatos mais reais. – Como foi o acidente?- perguntei.




- Você perdeu o controle do carro e bateu em uma árvore, filha. Estava chovendo muito, acreditamos que um pneu tenha estourado.



- Desculpe por isso, mãe! – falei.



- Que isso , o importante é que você está bem. Mas me diga, qual é sua última lembrança?



Forcei minha cabeça, e a última coisa que me lembrava era do preparativo pra festa em comemoração a minha admissão para a faculdade. – A última coisa que me lembro foi de ter passado para a faculdade.



- Meu Deus ! Isso foi a cinco anos!



-Cinco anos mãe? Então nós estamos em...



- Em 2010. – minha mãe completou.




- Cinco anos!- repeti incrédula. – Me diz o que aconteceu nesses cinco anos, mãe!



- Bom, você está indo muito bem na faculdade, é uma das melhores da turma. Está fazendo residência há dois anos aqui nesse hospital. Quer se especializar em neurologia. – ela disse orgulhosa.



- Neurologia! – repeti.



- É! Você mora em um apartamento no centro.



- Moro sozinha?- isso me pareceu tão adulto.



- Mais ou menos. – ela disse com um tom de voz descontente. Mais ou menos o que isso queria dizer? Foi então que me lembrei de algo.



- Mãe quando acordei tinha um rapaz aqui.



- Robert.




- Isso, ele me disse que nós somos namorados.



- É verdade filha. Sabe, no inicio eu implicava com ele por causa dessa vida louca que ele leva. Mas , nesse tempo em que você esteve desacordada ele não saiu do seu lado. Se não fosse eu praticamente o expulsar daqui, para ele comer e trocar de roupa, ele não saia. Inclusive agora. Ele queria estar aqui quando você acordasse. Ele te ama muito, filha!



Sorri com a informação de que eu tinha um namorado que me amava. – Você disse que ele tem uma vida louca?



Mas antes que minha mãe tivesse a chance de falar o Dr. Thomas entrou no meu quarto.



-Olá! Que bom te encontrar acordada, ! Como você está se sentindo? – ele disse sorrindo.



- Estou bem, Dr. – respondi.



- Alguma dor?




- Nenhuma.



- Alguma lembrança nova? – ele perguntou arregalando meus olhos e examinando.



- Infelizmente, não. Parece que eu dormi em 2005 e acordei em 2010.



- Isso às vezes pode demorar um pouco. Mas vamos fazer um teste. – o Dr. Thomas revirou uns papéis e retirou um com umas imagens computadorizadas. – Você sabe o que é isso?



- É uma tomografia. É minha?



- Sim. E você sabe me dizer o que você vê nela?



Analisei melhor a imagem. – Eu vejo um coagulo no lóbulo frontal direito.



- Isso mesmo! – ele aprovou. – O que mais?




- Como a caixa craniana e a duramater estão ilesas, acredito que a lesão se deve por causa do deslocamento do cérebro no momento da colisão.



- Perfeito! Essa é do dia em que você chegou, agora esta – ele tirou outro papel da pasta e me entregou.- é de hoje. O que você vê?



- O coágulo teve uma diminuição significativa.



Ele sacudia a cabeça satisfeito. – Isso quer dizer, minha cara Dra. Halfen, que a Srta está se recuperando muito bem. Mais uns poucos dias e poderá voltar pra casa.



Eu sorri. Casa! Uma casa que eu não conhecia.



- Mais e a memória dela, doutor?- minha mãe perguntou.



- Isso é só uma questão de tempo, Mirian. Mas a capacidade de raciocínio e os reflexos estão inalterados. A memória voltara mais depressa quando ela estiver em casa, em um ambiente conhecido. Não que ela não conheça esse hospital como a palma de sua mão. – ele falou me olhando e piscando o olho. – Bem, apesar de você ser minha paciente preferida, tenho outras visitas a fazer.



- Obrigada Dr. – falei.




- De nada querida, fique boa logo. Você faz falta aqui nesse hospital.



- Pode deixar. - respondi e ele me deu um beijo na testa antes de sair. – Mãe! – falei depois de algum tempo. – Queria tomar um banho.



- Claro meu amor, quer que eu te ajude a se levantar?



- Não mãe, só me ajude com o suporte do soro.



- Claro querida. – minha mãe respondeu segurando o suporte e o passando para o lado certo para que eu pudesse ir até o banheiro. Logo a enfermeira veio para tirar o soro do butter preso na minha mão.



Capítulo 3




Eu me encarava no espelho do banheiro, estava somente enrolada em uma toalha. Comecei a observar o meu rosto no espelho. Meu rosto não havia mudado muito. Meus cabelos castanhos, antes rebeldes, agora eram lisos e brilhosos meus olhos azuis estavam um pouco mais fundos, por causa das olheiras que eu tinha sob eles. Eu estava pálida, mas nada mais do que o normal pelo que eu passei. Larguei a toalha e fitei meu corpo. Eu estava mais magra e uma borboletinha colorida se destacava na lateral do meu abdômen. Uma tatuagem? Sorri.




Ouvi a voz da minha mãe conversando com alguém no quarto. “Ela está tomando banho.” Ela disse para a pessoa. Ergui a toalha do chão a colocando em cima da pia e vesti a calça e a blusa de moletom, tomando cuidado com a mão com o acesso para não deslocar a agulha. Penteei os meus cabelos que agora estavam bem mais longos e dei mais uma checada no espelho. Eu ainda estava pálida, mas por enquanto seria isso.



Abri a porta e vi Robert com uma enorme orquídea lilás linda. O que me fez sorrir de imediato. Eu amava orquídeas, e pelo jeito ele sabia disso.



- Oi!- ele disse me entregando a flor.



- Oi!- respondi a aceitando. – É linda!



- Como você está? – ele me analisava preocupado.



- Ainda um pouco confusa, mas bem! – respondi entregando o vaso para minha mãe colocar em cima do aparador, e me sentando na cama. Eu ainda estava um pouco fraca e o esforço tinha me deixado exausta.



- Já que o Robert chegou vou sair para comer alguma coisa, filha!- minha mãe disse me dando um beijo na testa antes de deixar o quarto.



Observei Robert por alguns instantes, ele era um pouco alto, seu rosto tinha traços retos, seu nariz angular, seus olhos eram de um tom verde acinzentado e ele usava uma barba rala. Seus cabelos eram de um lindo tom acobreado. Ele usava uma camiseta preta que marcavam bem seus músculos, jeans e tênis.




- O que foi?- ele perguntou rindo.



- Eu estava te observando. – fale um pouco envergonhada.



- E aprovou o que viu? – ele deu um sorriso de lado que me fez piscar aturdida.



- Bastante!- sorri e ele também. – Mas me diz uma coisa...?



Não pude continuar porque uma moça entrou com uma bandeja a largando em cima da mesinha, quando ela se virou e viu Robert, parecia que tinha entrado em choque. Ela colocou a mão na boca como reprimindo um grito, seus olhos arregalaram, e ela ficou pálida.



Eu não estava entendendo nada. Olhava da moça pra Robert e de Robert para moça, tentando ter uma explicação para aquela reação. Ok, que ele era lindo, mas mesmo assim...



Robert piscou um olho para mim e depois sorriu para ela.



- Com licença!- ela disse depois de algum tempo. – O senhor me dá um autógrafo?



- Claro! – Robert respondeu. Ela remexeu nos bolsos tirando uma caneta e pegando uns dos guardanapos de papel da bandeja deu para ele. Eu observava a cena totalmente confusa.




Depois que ela saiu, Robert pegou a mesinha com a bandeja e a trouxe até a minha cama, colocando em minha frente.



- O que foi isso? – perguntei enquanto ele servia o prato.



- Desculpe por isso, ! – ele disse sem jeito.



- Tudo bem, mas por quê...?



- É por causa do meu trabalho. - ele respondeu passando a mão pelo cabelo. Notei que ele fazia muito isso quando ficava sem jeito ou nervoso.



- Seu trabalho? O que você faz? – perguntei curiosa.



- Eu sou ator. – ele respondeu meio cabisbaixo.




- Um ator?- achei interessante, nunca havia pensado que namoraria um ator. Bem, não realmente, só em sonhos de adolescente. – Famoso?



Ele assentiu. – Fiz alguns filmes de sucesso. Na verdade ainda estou gravando. – ele disse e uniu as sobrancelhas. – Você não está comendo! – ele acusou. Coloquei uma garfada da comida sonsa do hospital, na boca.



- Você me conta sobre o filme e eu como. – propus.



Robert respirou fundo. – É um filme sobre vampiros!



Eu larguei o garfo. – Vampiros? – não conseguia ver Robert em um filme de terror.



- Não faz essa cara, porque você adora!



- Desculpe Rob, mas eu nunca gostei de filmes de terror e acho que não mudei tanto assim. – falei empurrando a bandeja com o resto da comida sem gosto para longe.



- Não é um filme de terror. – ele respondeu levando a mesa com a bandeja para longe da minha cama. Não é de terror? Então só podia ser comédia!




- E faz sucesso? – perguntei interessada. Ele revirou os olhos.



- Muito! – respondeu seco.



- E isso é ruim? – indaguei já que percebi seu descontentamento.



- Não, é que foi muito rápido. E as vezes essa vida de celebridade cansa. – Rob respondeu se atirando na poltrona ao lado da minha cama.



- Eu imagino como deve ser horrível. Coitadinho de você. – falei irônica. Ele riu. – mas me conta como eu conheci uma celebridade?



- Foi na sua festa de admissão na faculdade. Minha irmã nos apresentou. E eu não era famoso na época.



Mas é claro! Lizzy Pattinson! Eu fiz aula de guitarra com ela há séculos atrás e ela sempre disse que tinha um irmão para me apresentar.



- Você é o irmão da Lizzy!- ele sorriu. – Mas Rob, isso faz cinco anos! Nós namoramos todo esse tempo?




- Não, faz dois anos que nós estamos juntos. Você já tinha namorado na época.– ele enrugou o queixo e juntou as sobrancelhas como se não gostasse da lembrança.



- Diego! – ele fechou mais a cara quando me ouviu falar o nome do meu ex.



Mas claro Diego era meu namorado. Foi meu primeiro namorado. Primeiro tudo. Corei com a lembrança. O que será que aconteceu com ele? Mas claro que eu não poderia perguntar isso para Robert. Teria que esperar estar sozinha com minha mãe.



- Eu nunca lutei tanto para conquistar uma garota, como eu lutei por você. Mas eu não podia agir diferente. Eu te amei desde o primeiro momento em que te vi. – ele falou aquilo como se fosse a coisa mais natural do mundo, mas pra mim foi a declaração de amor mais linda que eu já havia escutado.



Meus olhos se encheram de lágrimas e um sorriso bobo se formou em meus lábios. Ele levantou os olhos para mim e sorriu encabulado como se só agora tivesse se dado conta do que tinha dito. Robert passou a mão pelos cabelos.



- Isso foi lindo! – falei deslumbrada.



- É só a verdade. – ele respondeu baixinho me encarando intensamente. Mas suas feições mudaram e ele parecia agoniado.



- Que foi? – perguntei preocupada pegando sua mão e entrelaçando nossos dedos.



- É tão estranho ter que te contar sobre a minha vida, como se você não fizesse parte dela.




- Desculpas, Robert.



- Não peça desculpas, por favor! Na verdade quem tem culpa sou eu!



- Você? – perguntei abismada.



- Com licença?- a voz da enfermeira interrompeu nossa conversa.




Capítulo 4




Eu encarava Robert, enquanto a enfermeira media meus sinais vitais, mas ele pegou uma revista qualquer para ler. O que me deixou muito desconfiada. Só que ele não estava achando que iria escapar dessa sem me contar exatamente o que queria dizer com aquela história de culpa.



- Olá! – duas das moças que estiveram junto com o médico outro dia, entraram pela porta. – Como você está ?



- Bem! – respondi para a morena que me fez a pergunta.



- Você ainda na se lembra da gente, não é? – a loira perguntou.



- Não me desculpe. – respondi constrangida.




- Tudo bom, Robert? – a morena perguntou.



- Como vai, Robert? – a loira perguntou, mas pelo tom ela não simpatizava com ele;



- Como vão? – ele respondeu simplesmente. – , vou aproveitar que você tem companhia e vou dar uma fugidinha. Preciso fumar um cigarro. Ele se despediu de mim, me dando um beijo na testa.



- Eu sou a e essa mal educada aqui é a . – a morena se apresentou após a saída de Robert, fazendo a loira revirar os olhos.



- Nós nos conhecemos desde o primeiro dia de aula. – a loira, , completou.




- Você não se da bem com Robert? – perguntei não me segurando de curiosidade. As duas se entreolharam por alguns segundos, então a morena balançou a cabeça negativamente, e então me olharam de volta.



- É, nós temos algumas desavenças. – respondeu – Besteiras.



Pelo jeito eu teria que fazer força pra conseguir me lembrar das coisas sozinha, já que tinha a impressão que todos me escondiam algo.



- e os garotos vão vir amanhã para uma visita. Nós decidimos que seria melhor nos dividir. – disse .




Elas começaram a falar e a contar fatos engraçados das nossas vidas. Minha mãe e Robert voltaram algum tempo depois, mas Robert mal participava da conversa.



(N/A As memórias são quando a personagem se recorda do passado. São narradas em terceira pessoa)



Memória 1 ( 5 anos atrás)



estava muito feliz por ter sido aceita na universidade que tanto queria. Ela tinha batalhado muito e finalmente, apesar de só ter 18 anos, sua vida parecia completa. Ela usava um vestido salmão tomara que caia, justo que realçavam as curvas de seu corpo.



Correu os olhos pelo salão lotado da boate MCD, a mais badalada de Londres, era onde ela havia convidado seus amigos para a comemoração. Só que quem ela queria ver não estava a vista, Diego seu namorado, mais uma vez havia lhe deixado sozinha para se reunir com seus amigos em algum outro canto da festa. “Ele já deve estar bêbado“. ela pensou.



- ! – a voz conhecida gritava no seu ouvido, por causa do volume alto da música. – Sua doida, eu disse que você iria conseguir. – Lizzy festejava.




- Lizzy, você veio! – abraçava a amiga e também gritava para poder ser ouvida.



- Eu disse que viria, não disse. E eu também quero te apresentar uma pessoa. – Lizzy olha para trás e puxa um rapaz pela mão. – Esse é meu irmão. Robert. – Ela grita no ouvido da amiga.



pisca os olhos várias vezes, deslumbrada pela beleza do garoto. Seus olhos verdes um pouco mais escuros que os dela pareciam que lhe prendiam. Ele sorria.



- Prazer em lhe conhecer, . – ele disse próximo a sua orelha, seus lábios roçaram seu rosto de leve, causando arrepios na garota.



- Prazer Robert.




- Já que vocês já se conhecem, vou dar uma volta. – Lizzy disse, tentando uma saída estratégica. Desde que colocou os olhos em pela primeira vez na aula de música, sabia que ela seria namorada perfeita para seu irmão.



- Parabéns pela aprovação. – Robert disse após a saída de sua irmã.



- Obrigada. – não sabia como agir, mas não queria deixar a conversa acabar ali. – Lizzy disse que você é ator.



Ele fez um movimento com a cabeça afirmando, mas tinha ficado meio constrangido já que a garota deveria ser um crânio por ter entrado em uma das melhores faculdades do Reino Unido. – Estou gravando um filme.



- Sério? – ela ficou maravilhada que um garoto tão novo já tenha conseguido um papel em um filme, ele devia ter talento. – Filme conhecido?




- Harry Potter. – ele respondeu aliviado pela empolgação que ela demonstrou. Lizzy tinha razão ela não era uma CDF esnobe. Na verdade ele estava impressionado pela beleza e simpatia da garota. – Quer dar uma volta? – ele não podia deixá-la escapar. Queria a conhecer melhor. Mas ficou com medo de ter sido muito rápido e completou. – Beber alguma coisa?



ficou bastante tentada em aceitar o convite, mas então se lembrou de seu namorado. Por mais que a relação dos dois não estivesse muito bem, ela ainda existia.



- Na verdade eu tenho que procurar uma pessoa. – ela disse, mas ficou com medo que ele pensasse que ela estivesse o dispensando. – É uma pena. – ela completou bem próximo ao seu ouvido.



o que você está fazendo?” a garota pensou “ Você está flertando com ele? Mas você tem namorado!” Mas a verdade é que ela tinha ficado muito atraída por Robert.



- Com licença, mas eu tenho que ir. – ela disse por fim. Se virando e saindo por meio das pessoas que dançavam na pista de dança.



Robert a acompanhou com o olhar enquanto ela se afastava.




varreu o salão a procura de Diego, várias vezes viu Robert ao longe a observando e lutou contra o impulso de ir atrás dele. Já estava desistindo de Diego e decidida a ir atrás de Robert quando um braço lhe puxou pela cintura. O hálito forte de álcool lhe deu ânsia. Diego a puxou para um beijo babado e ela teve que lutar contra ele para conseguir se esquivar.



- Que foi? – Diego perguntou com sua voz arrastada.



- Diego você está bêbado. – ela apontou.



- Para de ser chata! Estou só comemorando. – ele falou cuspindo.



- Comemorando com quem? Comigo é que não é! – ela falou se soltando dele. – Licença que eu vou ao banheiro. – e virou as costas saindo.



Mas ao invés de ir ao banheiro, passou por uma das portas que levava a um grande terraço. Lá por causa do vento frio, estava vazio. Ela observava a vista das luzes da cidade quando outra pessoa parou ao lado dela.




- Tomando um ar? – Robert perguntou.



sorriu. – Respirando um pouco.



- Aquele cara te machucou? – ele perguntou preocupado.



Ela desviou os olhos da paisagem e encarou os olhos verdes do garoto. – Não, eu sei lhe dar com ele. – ela suspirou.



- Ele é seu namorado? – ele perguntou rezando para que a resposta fosse negativa.



- Sim. – ela respondeu voltando o olhar para a noite.



- Se eu tivesse uma namorada tão linda assim, eu nunca a deixaria sozinha em uma festa. – ele disse também voltando a olhar a paisagem.



O coração da garota acelerou com a declaração, e ela o encarou assombrada. Ele se virou para olhá-la de frente. Levantando a mão e encostando de leve em seu rosto. Os olhos de azuis da garota o hipnotizavam. Ele inclinou o rosto devagar encostando seus lábios nos dela. Um choque tomou conta do corpo dos dois fazendo com que ambos os corações acelerassem ao mesmo tempo. Eles provavam o gosto um do outro. Robert acelerou o beijo, forçando os lábios dela a se abrirem. Quando as línguas se encontraram um arrepio de prazer passou pelos dois. Eles se entregavam ao forte sentimento que nascia ali. Mas então de repente a garota se afastou.




- Desculpa, mas eu não posso. – ela disse com a respiração ofegante e saiu correndo.



Robert ainda tentou procurá-la pela festa, mas a garota havia ido embora.




FIM Memória 1



- Robert!- eu disse de repente fazendo os quatro se virarem para mim. – Eu me lembrei do dia em que nos conhecemos! – Robert se levantou da poltrona sorrindo e caminhou até a mim. Coloquei os braços em seu pescoço e o puxei pra mim. – E eu também te amei desde a primeira vez que te vi. – falei colando nossos lábios em seguida.



Capítulo 5




- Bom dia! - a enfermeira falou sorrindo abrindo as cortinas do meu quarto. - Está feliz com a noticia da provável alta de hoje, Dra?



- Alta?- perguntei confusa.




-É o que está no seu prontuário. - ela respondeu.



Puxei a bandeja do meu café-da-manhã para mais perto. Tomei um gole de suco junto com os comprimidos que ela me alcançara, tentando ainda decidir se aquela informação era boa ou não. Afinal eu estaria indo para uma vida totalmente estranha, por enquanto.



-Bom dia ! – Dr Thomas me cumprimentou ao entrar no meu quarto, algum tempo depois.



- Bom dia Dr.!



- Como você está se sentindo? – ele perguntou me examinando.



- Muito bem!



- Pronta pra ir para casa? – Dr. Thomas deve ter percebido minha reação porque sentou na cadeira ao meu lado. – Assustada?




- Sim! – respondi. – Não sei o que esperar. – falei sincera.



- Tudo vai voltar ao normal você vai ver! Mas vou te passar o nome de um psicólogo. Acredito que ele possa te ajudar.



- Obrigada Dr.



- Vou ajeitar seus papéis e liberar sua alta. – ele disse se retirando.



Me levantei e fui até o pequeno armário que havia no quarto. Lá dentro uma pequena bolsa de viagem e uma bolsa feminina que deveria ser a minha. Abri e comecei a vasculhá-la, depois de alguns segundos achei o que procurava, um pequeno celular prateado. Apertei um botão e ele se iluminou em minha mão. Queria procurar a agenda, mas acabei nas mensagens. Haviam várias de pessoas desconhecidas, muitas perguntando por noticias minhas. Mas havia algumas de Rob de um dia antes do acidente.



Por favor me escute é só o que eu te peço. R




Abri outra:



Eu sou um idiota estúpido, por favor me perdoe. Eu te amo. R



Observei o celular por mais alguns instantes tentando me lembrar sobre o que essas mensagens falavam, mas nada vinha na minha cabeça.



-Bom dia meu amor! – a voz de Robert me trouxe de volta.



- O que significa isso? – perguntei a ele com o celular na mão. – Nós brigamos?



Robert engoliu em seco. - , eu juro que vou te contar tudo, mas queria te pedir só pra você esperar a gente chegar em casa.



O negocio deveria ser sério! - Ok. Só que eu estou de alta, e vou pra casa hoje a tarde.




Robert arregalou os olhos por instante, muito rápido que eu quase tive duvida de ter visto a sua reação e depois sorriu. – Que ótimo amor! – ele disse radiante. – Que boa noticia! – Ele me abraçou. Realmente parecia ser uma boa noticia. Mas Robert era ator, e eu não deixaria aquilo passar.



A noticia de minha alta, não havia vindo em hora melhor para minha mãe. Ela tinha recebido um chamado de que meu padrasto não estava passando muito bem e tinha que ir para Asford. Essa cidade era na área rural, eles haviam se mudado para lá há dois anos atrás. Claro que ela havia implorado para que eu fosse pra lá com ela, mas a recomendação do médico que eu deveria voltar a minha rotina, que seria melhor para a minha memória, tiraram essa idéia de sua cabeça. Para meu total alivio.



Eu esperava Robert voltar, ele havia saído há algum tempo para buscar o carro e algumas coisa que eu precisaria.



- Mais olha só! – me virei em direção a porta e um rapaz sorridente passava por ela. – Como você está ?



- Bem. – respondi.



- Eu ainda não acredito que você não se lembra de mim! – ele disse num tom falso de chateação.



- Eu te disse, ! – uma moça morena de cabelos castanhos e cacheados disse, entrando pela porta de mãos dadas com um garoto. – Oi amiga! – ela soltou a mão do garoto e me abraçou. – Bom eu sou a . Esse é o . – ela disse apontando para o que eu supunha ser seu namorado. – E o palhaço ali é o .- ela apontou para o garoto que havia entrado primeiro.




- É um prazer conhecer vocês pela segunda vez. – cumprimentei sorrindo.



- Sério que você não se lembra de nada: - perguntou.



Memória 2 (5 anos atrás)



caminhava entre os vários prédios da faculdade no seu primeiro dia de aula, com uma papel em mãos. Ela sabia que teria que se apressar se não correria o risco de se atrasar muito.



- Com licença? – ela resolveu pedir ajuda para um garota morena de longos cabelos cacheados. – Você sabe onde fica o prédio 9?




- Saber eu não sei, mas podemos procurar juntas. É o meu primeiro dia também, e eu tenho aula de Anatomia lá. – a garota morena respondeu.



- Anato I? - perguntou mostrando o papel em suas mãos.



- Seremos colegas! – a garota respondeu com um sorriso nos lábios e estendendo a mão disse – Prazer, meu nome . – cumprimentou.



- Prazer , meu nome é . Mas pode me chamar de . - respondeu sorrindo.




As duas chegaram em cima da hora à sala de aula, mas felizes por terem feito uma amizade tão rápido. Chegaram praticamente junto com o professor, e se sentaram juntas em uma das mesas duplas do laboratório.



-Olá turma, meu nome é Dr. William Hurt, sou o professor da cadeira de Anatomia I. Sejam bem vindos ao curso de medicina. – todos os alunos bateram palma.- Muito bem, peço que olhem para seu companheiro de mesa, ele vai ser seu parceiro de laboratório por esse semestre. – As garotas se olharam sorrindo. – Agora peço que as duplas que estão nas filas horizontais impares olhem para trás, – e se viraram e sorriram para duas garotas da mesa de trás. – e cumprimentem a outra dupla que fará parte do seu grupo.



- Prazer eu sou a , mas pode me chamar de ! Essa é a . – Anelise disse a dupla de trás.




-Prazer eu sou e essa é a . – a garota morena apresentou as duas.



- Toda vez que eu mencionar que vocês devem se reunir em grupo – continuou o professor. – é com essa outra dupla que devem se reunir. – as garotas sorriam umas para as outras, sem saber que dali nasceria uma grande amizade.



Elas passarm o resto do período juntas e juntas se dirigiam para fora da faculdade, quando avistou um garoto conhecido parado encostado no carro de sua mãe. Ela sorriu para ele.



- Rob o que você está fazendo aqui? – ela perguntou sem conseguir disfarçar a alegria. Desde sua festa, ela e Robert se falavam quase todos os dias por telefone e se encontrando algumas vezes.




- Eu estava passando aqui por perto e vim ver se você não me dava uma carona. – Robert omitiu o fato que na verdade estava fazendo um teste para um comercial no outro lado da cidade.



- Mas claro! - se despediu das suas novas amigas e abriu a porta do carona para que Robert pudesse entrar. – Você está indo para casa?



- Pra onde você quiser. – o garoto respondeu com um sorriso maroto nos lábios.



sorriu de volta, divertida com as investidas do garoto que cada vez se tornava mais importante em sua vida.



Fim memórias 2.








Capítulo 6




Eu tinha acabado de colocar as minhas roupas na pequena mala. Suspirei e fechei o zíper. Robert havia decido para fechar a conta do hospital e eu estava aguardando sua volta.



Comecei a pensar em como minha vida estava diferente, e como eu deveria me acostumar a ela agora.



Memória 3 (3 anos atrás)



- Chega Diego, eu não agüento mais! Que horas você chegou ontem a noite? - discutia mais uma vez com seu namorado. Diego havia passado a noite fora e tinha chegado mais uma vez bêbado. Antes isso ocorria aos finais de semana, mas desde que ele perdera p último emprego há três meses, isso havia se tornado rotina quase que diária.



- Não enche minha paciência! Você acha que é mais importante que eu, só porque estuda naquela faculdade de merda!- Esse tipo de discussão já estava se tornando diária, e estava disposta a dar um fim nesse relacionamento.




- Acabou! – ela disse por fim. – Eu não quero mais saber de você!



-O que? – Diego disse se levantando, ainda alterado pela ultima bebedeira. – VOCÊ É MINHA! EU NUNCA VOU PERMITIR ISSO! – ele gritava.



- Mas eu não quero mais ficar presa a uma pessoa como você! - falou, mas mal tinha terminado a frase, ela sentiu seu corpo sendo jogado contra a parede e a pele do seu rosto arder e esquentar. Diego havia lhe dado um tapa.



engoliu sentindo o gosto de sangue misturado com a saliva, seu lábio estava cortado. Ela levantou os olhos, as lágrimas de raiva correndo pelo rosto. Diego estava parado em sua frente, os olhos arregalados de horror pelo que tinha feito.



- Me perdoe ! – ele suplicou.




se levantou com dificuldade, limpando as lagrimas com a manga da camisa que usava.



- Você nunca mais vai me ver Diego! – ela disse recolhendo a sua bolsa e o seu casaco. O rosto ainda quente e ardido.



- É aquele atorzinho, não é? – Diego disse, sua voz se alterando novamente.



- Não é ninguém, somente você! – ela disse antes de fechar a porta do apartamento dele atrás de si.



- Sua vagabunda! – ela ainda pode ouvir pela porta fechada.



desceu as escadas, se segurando no corrimão. Suas pernas estavam bambas e suas mãos tremiam. Ela tinha que se concentrar para poder descer rápido, antes que Diego se vestisse e viesse atrás dela. As lágrimas que corriam como cachoeiras, atrapalhavam sua visão.




Mesmo com as mãos trêmulas ela conseguiu colocar a chave na ignição do seu Audi A4. (N/A O mesmo que ela demoliu no acidente), o retirando do estacionamento.







agora estava fora do alcance de Diego, mas também estava completamente sozinha. Sua mãe e seu padrasto haviam se mudado para o interior e ela estava morando na antiga casa, agora vazia, somente até achar um apartamento para comprar. Com a chegada da sua maior idade ela havia recebido o dinheiro da herança que seu pai tinha lhe deixado.



sabia o que queria. Quem ela queria. Era a pessoa por quem havia se descoberto apaixonada a algum tempo. Mas Robert estava fora, filmando Harry Potter e a Ordem da Fênix. Era apenas uma pequena participação, então ele não ficaria ocupado por muito tempo, no dia seguinte ele estaria de volta. A garota suspirou e começou a dirigir pelo caminho até sua casa. “Apenas um dia!” –ela pensou.



Fim memórias 3.




- que bom que você está bem! – enxuguei as lágrimas antes de me virar pra ver quem era o dono da voz as minhas costas e dei de cara com um homem enorme, estilo 2 x 2, usando um terno preto. Ele sorria aqueles sorrisos contagiantes. Eu sorri de volta, mas minha cara deve ter denunciado de que eu não tinha idéia de quem ele era. – Eu não acredito que você se esqueceu de mim, o amor da sua vida! – ele disse ainda sorrindo.




- Para de palhaçada, Bruce, e pega logo as bagagem. – Robert falou ao homem, entrando logo atrás dele. – Amor, esse é o Bruce, nosso segurança. – Robert disse me abraçando e dando um beijo em minha testa, enquanto Bruce pegava minha pequena bagagem.



- Segurança? – perguntei.



- Por causa do tumulto. – Robert disse dando um pequeno sorriso, mas era notório como aquilo não o agradava muito.



- Não se preocupe, , está tudo tranqüilo. – Bruce me disse. – Vamos descer pelo subsolo. Assim evitaremos os paparazzi.



- Paparazzi? O.O – perguntei aturdida.



Entramos no carro que estava estacionado no subsolo do hospital. Robert sentou ao meu lado, enquanto Bruce o dirigia. Apesar dos vidros escuros, os fotógrafos ainda tentavam tirar uma foto nossa. Eles praticamente se jogavam em cima do carro. Robert passou os braços pelos meus ombros, e me puxou mais para ele, como se me confortando. Deitei a cabeça em seu peito.



Memória 4 (3 anos atrás)




A campainha tocava fazendo a cabeça de latejar.



- Já vai! – ela falou baixinho, mesmo assim sua cabeça doeu.Tentou caminhar o mais rápido possível, mas a cada passo parecia que seu cérebro se chocava contra o seu crânio.



A garota abriu a porta, dando de cara com Robert, e não pode deixar de sorrir. Ele no momento em que a viu arregalou os olhos.



- O que aconteceu ? – ele perguntou alarmado, segurando o rosto da garota com delicadeza e o virando para ver a extensão dos machucados. Só então, se lembrou do acontecimento do dia anterior. Ela deu um passo para trás abrindo espaço para que ele entrasse. A garota fechou a porta e se jogou nos braços de Robert. – O que foi? – ele perguntou novamente. A preocupação tomando conta. Robert nunca havia visto daquele jeito, ainda mais machucada. Passou os braços entorno da garota que ele tanto amava.




- Eu terminei com o Diego. – ela disse em meio ao pranto, as lágrimas molhando a camisa dele. Ele ficou feliz por um momento, mas logo compreendeu o que havia acontecido e a raiva tomou conta de todo seu corpo.



- E ele te bateu? – Robert a afastou por um momento, para poder ver melhor o rosto da garota, mas logo a abraçou novamente. Ela não respondeu, mas ele entendeu a resposta.- Eu vou matá-lo!



- Não vale a pena Rob! Deixe ele pra lá! Só fique aqui comigo, por favor! - disse se abraçando mais a ele.



- eu nunca te magoaria desse jeito! – Robert disse secando as lágrimas da garota com uma das mãos.



Fim memórias 4.





Suspirei com a lembrança e me aconcheguei mais a Rob. – Desculpe ! – ele disse baixinho.



- Tudo bem Rob! Isso é fruto do seu sucesso!- eu disse sorrindo.



- É, mas às vezes eles abusam. – Rob soltou os ombros, sinalizando de como estava cansado de todo aquele assedio. - Achei que você havia ficado assustada, afinal está tão quieta.



- Eu me lembrei da primeira vez que tive certeza que você me amava. – disse. Robert sorriu passando a mão pelo cabelo bagunçado, visivelmente encabulado.



- Chegamos! – disse Bruce, me olhando pelo retrovisor e sorrindo.



- Algum perseguidor?- perguntou Robert.



- Uns dois carros suspeitos. – Bruce respondeu.




Robert bufou. – Vamos entrar pelos fundos então.



Eu olhava para tudo tentando buscar alguma lembrança, mas nenhuma lembrança daquele prédio alto e claro, vinha na minha cabeça. O tempo todo Robert segurava a minha mão, me dando segurança.



- Olá, Srta ! Que bom vê-la bem em casa novamente.



- Obrigada! – respondi ao porteiro sorridente.



- Tudo certo Will? – Robert perguntou a ele.



- Tudo certo até agora, Sr. Pattinson.



Entramos no elevador social. Fiquei olhando para os números no painel. Notei que Rob e Bruce esperavam algo de mim. – Ok, eu não me lembro. Qual é o andar?- Robert sorriu apertando no numero oito.



- Tudo bem! Com calma as coisas vão voltar ao normal. – ele disse sorrindo, mas trocou um olhar suspeito com Bruce. Havia algo, eu sentia, mas já nem sabia mais se realmente queria descobrir o que.




Capítulo 7




Paramos em frente à porta com o numero 801. Eu passei a mão pelo cabelo puxando-o para trás e mordi o meu lábio inferior, tentando fazer Robert entender que eu não estava muito confortável com aquilo. As chaves tilintavam na minha mão trêmula.



Robert segurou a minha mão, me olhando com um sorriso encorajador. Eu abri a porta lentamente e adentrei o hall. Na sala, uma mesa grande estava mais no canto, um sofá branco, em forma de L, cheio de almofadas vermelhas estava do outro lado, na frente dele uma TV LCD, enorme estava presa à parede, abaixo da TV ficava um armário com um som e muitos cds e dvds. A sala era toda clara, eu fui andando e fiquei na frente da TV, um tapete peludo e creme estava abaixo dos meus pés e eu olhei curiosa para ele.



Memória 5 (2 anos atrás)



abria a porta do seu primeiro apartamento, a felicidade estampada em seu rosto.



- Agora Rob, feche os olhos! – ela ordenou antes de deixar Robert entrar. O garoto obedeceu. Ela o conduziu vagarosamente para dentro do apartamento vazio. – Pronto, pode abrir agora!- Ele abriu os olhos e sorriu vendo a garota dançar pela sala vazia. – Que achou?




- Eu te acho linda!- ele disse sorrindo.



- Eu estou falando do apartamento, Rob!- ela disse revirando os olhos, mas amando o comentário do namorado.



- É maravilhoso que nem a dona. – Robert disse passando as mãos pela cintura dela e a puxando para si.



- Ele está vazio, mas eu comprei esse tapete. – ela falou apontando para baixo com a cabeça. – Ele é macio e aconchegante.



- É o que me parece. – Robert respondeu já ofegante, totalmente deslumbrado com o tom sexy da namorada.



- Quer experimentar? – ela sussurrou para ele.



Robert ficou visivelmente surpreso, arqueando as sobrancelhas e sorrindo torto.



- Só se for agora! – ele disse beijando a garota intensamente.



Fim Memórias 5





Caminhei pelo pequeno corredor, dei alguns passos.



- Esse é o quarto. – Robert disse apontando para a última porta do corredor.- Abri a maçaneta entrando no quarto lentamente. As paredes eram totalmente brancas, só uma foto preta e branca, minha e de Robert ficava em cima da cabeceira da enorme cama.



Em um canto do quarto tinha violão azul que estava jogado em cima de uma chair, cheias de roupas que deveriam ser de Robert espalhadas por cima. No outro lado do quarto em uma mesa, havia um notebook . Ao lado um maço de cigarros e um cinzeiro cheio. Em cima da cadeira que fica na frente da mesa, mais roupas jogadas viradas do avesso. Deveria ser típico dele, deixar as coisas bagunçadas assim.



Robert pegou p violão e começou a dedilhá-lo. – Você se lembra dessa? Eu fiz para você . – ele disse começando a tocá-lo







Eu sabia que amava Robert. Essa era uma das poucas coisas que eu tinha certeza dessa minha nova vida. Mas eu não poderia continuar sem saber o que eu havia acontecido.



Sequei as lágrimas do rosto e me virei para a janela. - Muito bem, Rob, está na hora da nossa conversa. Eu preciso saber o que aconteceu antes do meu acidente. Me virei para encará-lo cruzando os braços.




Robert engoliu seco e também cruzou os braços, na defensiva. Não me olhava nos olhos quando falou: - Eu fui um imbecil, um canalha! Mas eu não iria conseguir viver sem você. Me perdoe, por favor! – ele pediu agoniado.



- Perdoar o que, se você disse que não estava no acidente? – perguntei preocupada.



- Não, eu estava em Los Angeles, mas isso não me tira toda a culpa.



- Como você pode ter culpa Robert?



- Eu fui um idiota... Eu não pensei... Por favor, diga que me perdoa. Você é a mulher da minha vida . – agora ele chorava o que me deixou mais preocupada.



- Rob... – eu não conseguia vê-lo desesperado daquele jeito, então o abracei.



Robert me puxou mais para ele e sua boca procurou a minha até achá-la para um beijo urgente. O beijo era forte e angustiado, sua língua forçou entrada e eu abri a boca para lhe dar passagem. Robert sugava e mordia meus lábios. Uma das minhas mãos foram para sua nuca e a outra passeava por suas costas. Uma das suas mãos me segurava forte pela cintura e a outra se emaranhava em meus cabelos. Eu sentia o gosto salgado das lágrimas dele no beijo. Queria poder dizer que o perdoava, que mesmo sem me lembrar eu o amava, mas como, se eu nem sabia o que tinha acontecido! Eu parti o beijo sem fôlego.



- Robert.... o que... aconteceu? – perguntei sem fôlego.




Ele ainda me olhava agoniado. Parecia que não conseguia colocar as palavras para fora. – Eu... eu te traí. – ele disse sem me olhar. Dei dois passos para trás colocando a mão na boca, eu não estava acreditando no que tinha ouvido.

Capítulo 8




Robert deu um passo em minha direção.



-Me perdoa? – ele pediu. – Eu tinha bebido, eu não sabia o que estava fazendo!- Ele segurou meus braços, mas eu me afastei mais um passo. – Por favor! Eu te amo!



Eu estava tonta. Robert me abraçou. – Eu preciso pensar! – eu disse empurrando seu peito.



- Foi estupidez minha. – ele se justificou.



Sentei na cama segurando minha cabeça, tentando fazer com que as paredes parassem de girar.



Memória 6 (7 dias atás)



- Te vejo na segunda? – perguntou a amiga na frente do guichê do cheking.



- Claro , mas não precisa se preocupar em vir me buscar, o carro está no estacionamento do aeroporto. – respondeu.



Última chamada para os passageiros do voo 4569 da Britsh Airlines com destino a Los Angeles. Embarque imediato no portão 6.



- Então que você tenha um fim de semana muito romântico. – Desejou abraçando a amiga.



- Espero que ele goste da surpresa! – falou nervosa de repente.



- Claro que vai! – respondeu antes de sua amiga se virar e desaparecer dentro do portão de embarque. Mas um arrepio deslizava pela coluna da garota. Algo não estava certo. Mas como dizer isso para ?



girou a chave na fechadura, abrindo a porta com um clique. O porteiro não sabia dizer se Robert estava em casa, pois ele tinha assumido seu posto a pouco. Mas ele sabia que ele não acordaria cedo, ainda mais em um dia de folga. Por isso ela havia aproveitado sua folga também, para fazer uma visita surpresa, após uma viagem de avião de 11 horas.



Fazia mais de quinze dias que eles não se viam, apesar de se falarem todos os dias por telefone. A saudade era imensa.



Ela largou sua mala na sala desarrumada e caminhou pelo corredor até o pequeno quarto, abriu a porta devagar, esperando ver seu namorado adormecido.



A garota levou um choque quando viu que Robert estava dormindo, só que abraçado com outra. Ela se apoiou na porta em busca de apoio. Seu estômago dando voltas. Por um instante achou que fosse vomitar.



saiu batendo a porta do quarto atrás de si. Sentindo seu sangue subir para a cabeça, ela deixou que a raiva tomasse conta de seu corpo.



ouviu o movimento dentro do quarto, e arrastou seu corpo até a sala. Ela ouviu a porta sendo aberta e se virou devagar para dar de cara com Robert, somente usando uma boxer preta. Ele arregalou os olhos quando viu sua namorada.



- ! – ele disse somente. Totalmente surpreso.



- Me responda Rob! O que significa isso? – ela perguntou mesmo sabendo o qual era o significado. respirou fundo apertando os olhos e se amaldiçoou quando uma lágrima escapou, escorrendo pelo seu rosto. Tudo o que ela não queria era demonstrar fraqueza.



- Isso não é o que você está pensando! – ele se defendeu.



- Não insulte a minha inteligência. – ela riu amargamente.



- Eu... é que... – a garota saiu do quarto já vestida passando pelos dois na sala. conhecia a figura, já havia se encontrado algumas vezes. Era Kristen Stewart. Ela parou ao lado de Robert, fazendo mais uma onda de raiva tomar conta do corpo de .



- Quanto tempo isso está acontecendo? – perguntou respirando fundo tentando controlar seu instinto homicida. Ela não ia sujar as mãos tocando naquela garota. O problema todo era com Robert.



- Diga a ela Rob? – Kristen falou com ar de deboche superior no rosto.



- Cala a boca! – Robert gritou com ela, fazendo com que a garota se encolhesse um pouco. – Cai fora da minha casa!- ele ordenou, e se virando para ele deu dois passos em direção a ela. – ! Não foi nada! – ele estendeu os braços para tocar na namorada, mas ela se esquivou.



- Não encoste em mim! – ela disse sacudindo a cabeça nervosamente. Agora as lágrimas corriam soltas. Ela se sentia humilhada, machucada. Então o ar ficou insuportável, e ela não conseguia respirar direito. – Você me dá nojo! – ela berrou. – E você dois se merecem!



- Eu também acho! – Kristen disse com ar presunçoso.



- O que você ainda está fazendo aqui? – Robert gritou com ela, segurando seu braço com força e a carregando para fora.



Mas não queria mais participar daquele circo.



- Pode deixar que saio eu! – ela disse, tentando reunir o pouco de orgulho que ainda lhe restava. Pegou sua mala e sua bolsa e saiu do apartamento.



- espera! – Robert gritou no corredor.



- Você vai sair de cueca, Robert? – a voz de Kristen fez com que tremesse de repulsa enquanto esperava o elevador.



- Já mandei você calar a boca sua vadia! – Robert gritou para Kristen.



-Deixe ela ir! – Kristen disse mais uma vez.



As portas do elevador se abriram e pulou para dentro. Robert segurou para que elas não fechassem.



- , por favor me escuta!- ele implorou.



- Me deixe ir Rob! – e pediu. Sua voz quase inaudível pela dor.- Por favor!



- Me espere lá embaixo! Eu vou te levar daqui, nós vamos dar uma volta. Vamos conversar.



Ela assentiu, mas não tinha verdade naquele gesto. A única coisa que ela queria era que Robert a deixasse ir. Robert soltou as portas e elas se fecharam.



deslizou pela parede do elevador. A dor tomando conta.



Quando o painel indicou o térreo, ela saiu correndo pelo hall do prédio. Entrando no primeiro taxi que passava.



- Aeroporto por favor! – ela pediu ao motorista.



Fim Memórias 6




Levantei meu rosto, sentindo meus olhos úmidos e inchados. – Você vai ter que ir embora! – falei sentindo o choro queimar minha garganta.



Robert se ajoelhou na minha frente.



- , eu te amo! Foi tudo uma grande besteira, eu estava bêbado.



Olhei para aqueles olhos verdes, que agora estavam acinzentados de angustia.



- Nós nunca daríamos certo Rob! A gente não mora nem no mesmo continente. – falei passando a mão pelo seu rosto.



- Podemos fazer dar certo!



Coloquei a mão na sua nuca, puxando ele pra mim. Encostei a minha testa na dele. Eu sabia que estava acabado. Seus lábios caçaram os meus para um beijo urgente, forte, angustiado. Ele me puxou pela cintura fazendo com que me sentasse em seu colo. Sua língua tocando a minha. Meus dedos deslizavam pelos seus cabelos, enquanto minha boca provava todo o seu gosto. Nos separamos o suficiente para que pudéssemos respirar. Robert tinha um brilho no olhar. Esperança. Mas eu sabia que aquilo não era reconciliação. Era uma despedida.



- Adeus Robert! – eu disse me desvencilhando dele e descendo do seu colo.



Ele me olhava se entender. Levantei e me sentei na chair ao lado da janela, olhando Londres lá embaixo.



- Acabou? – Robert perguntou.



- Você pode retirar suas coisas daqui? – perguntei.



- Eu mando alguém buscar. Mas pode deixar que aviso antes. – ele disse pegando sua carteira de cima da cômoda e deixando as chaves do apartamento no lugar. Saiu.







Puxei minhas pernas enroscando meus braços nelas. O apartamento estava vazio e escuro. Vazio e escuro como a minha mente. Como eu queria esquecer tudo novamente. Mas eu não podia. Não podia continuar vivendo uma mentira.










Capítulo 9



- Muito bem, muito bem!- uma voz chata invadiu o meu quarto abrindo a janela e deixando a luz incomoda entrar.


- Como você entrou aqui? – perguntei mal humorada para a . Tudo bem que ela se dizia minha melhor amiga, mas isso já era invasão de privacidade.


- Aff! Que mal humor! – ela apontou. –Você me deu a chave. Eu só vim trazer o Edinho de volta.


- Quem? - perguntei confusa.


- Edinho ! Seu bebê! – na mesma hora que ela disse isso um lindo gato saltou em minha cama miando baixo.





- Que lindo! – exclamei.- Ele é meu?


- É. – ela me respondeu, fazendo careta enquanto juntava as garrafas vazias de vodca ao lado da minha cama.- Foi Robert que te deu de presente. – uma dor alucinante atingiu o meu corpo quando a lembrança de Robert vinha em minha mente. – Olha, eu já ouvi falar em beber pra esquecer, mas beber pra lembrar é a primeira vez. – Yasmin disse sacudindo a garrafa vazia.


- Eu não quero lembrar! – murmurei atirando as pernas para fora da cama. Passei as mãos pelo gato trazendo ele para meu colo, ele não ofereceu resistência nenhuma, além de esfregar seu focinho em mim. – Você já sabia? – perguntei a Yasmin.


- Eu não sabia de nada. A não ser que algo devia ter acontecido, já que você voltou antes do combinado. Você pediu para que eu cuidasse do Edinho e foi o que eu fiz. Mas Edward me ligou e contou tudo.


Larguei o gatinho no chão. – Ele contou é? - perguntei indo até o banheiro procurar um comprimido de analgésico, para tentar aliviar a dor latejante na minha cabeça.


- Contou assim né? Ele disse que pisou feio na bola e vocês brigaram. Pois bem, agora eu quero saber dos detalhes. - Suspirei alto desviando os olhos do meu rosto abatido no espelho e olhando o dela. – Ok, não quer falar agora tudo bem. – disse abrindo a torneira da banheira. – Vou fazer algo para você comer enquanto você toma banho. – Yasmin disse antes de sair pela porta.


Tirei minhas roupas e entrei na banheira, deixando a água quente aliviar a tensão dos meus músculos.


Memória 7 (6 meses atrás)


- Tudo bem Robert!- disse ao telefone, ainda um pouco chateada.


- eu já te disse que a maioria do que escrevem sobre mim é mentira. Por favor não liga para isso.


- Eu sei. – a garota disse suspirando e rolando a página de um site da internet com várias fotos do seu namorado em eventos com outras garotas. Ela desligou o computador.


- Você não imagina como estou sentindo a sua falta! – ele disse.


- Eu também estou sentindo a sua. – a garota choramingou.


-Vou fazer diferente. – Robert disse empolgado de repente.


- Vai fazer o que diferente, Rob?- perguntou.


- Amanhã à noite você vai ver. – ele disse. – Boa Noite , até amanhã.


suspirou. – Amanhã você me liga então. Beijos.


- !- Robert chamou antes que ela desligasse.


-Oi?


- Não se esqueça que eu te amo. – ele disse.


- Eu também te amo Rob!- respondeu antes de desligar o telefone, ainda meio chateada com a falta que seu namorado fazia.





- Você tem uma infecção bem grande ai. – disse ao examinar a garganta da menina que era sua paciente.


- Mas ela já tomou vários antibióticos e nada, Dra. – a mãe reclamou.


- Sim, por isso vamos fazer um exame mais completo. – disse tirando a espátula da boca da menina e indo até uma das gavetas do ambulatório onde atendia. – isso minha flor, é um swab. Parece um grande cotonete. – disse mostrando o objeto para a menina que olhava curiosa. – A tia vai colocar em sua boquinha pra ver que tipo de bichinho tá te causando dor, ok? Prometo que não vai doer.- A menina assentiu.





Dra favor se dirigir ao centro de enfermagem. Chamou o autofalante.





-Muito bem, eu vou levar isso até o laboratório, e logo teremos o resultado. Vocês podem aguardar um instante?


- Claro Dra. – respondeu a mãe.


se apressou pelos corredores do hospital até o centro de enfermagem.


- Preciso que enviem isso para o laboratório, Deby. – ela disse para a enfermeira, entregando o swab e o protocolo de requerimento. – E porque estavam me chamando?- perguntou.


Deby sorriu destacando suas rugas na pele morena. – Você precisa receber a próxima ambulância que está chegando. – afirmou.


estranhou, afinal ela não estava nesse setor hoje, mas acabou dando de ombros e seguindo até a entrada lateral do hospital por onde as ambulâncias chegavam. Se encolheu quando o frio da noite de inverno londrino a abraçou no pátio aberto do hospital, mas não havia nenhuma ambulância lá, somente um carro escuro estacionado em local proibido.


- Com licença! – ela disse batendo de leve na janela do veículo. – Você não pode estacionar nesse local. – informou. O vidro baixou e um enorme buquê de flores coloridas surgiu na janela. sorriu. Ela se afastou um pouco quando a porta se abriu. – Robert! – exclamou se dependurando no pescoço do namorado que ainda segurava o buquê com uma mão, enquanto enlaçava a cintura da namorada com a outra. –O que você está fazendo aqui? – perguntou admirada.


- Eu disse que queria fazer isso diferente. – ele sorriu de lado. – Eu queria fazer pessoalmente.


Seus lábios encostaram nos dela em um beijo cheio de saudades, suas línguas dançando juntas, se reconhecendo. Ele sugava a boca dela, mordia. Até que ela se deu conta onde estavam, partindo o beijo.


-Quando você tem que voltar?- ela perguntou já triste de ter que ver ele indo embora.


- Amanhã de manhã!- ele respondeu.


- Então temos a noite toda!- ela exclamou tentando não deixar a tristeza tomar conta, e aproveitar a noite que ele os havia dado de presente. Só em pensar que ele viajara mais de onze horas só para vê-la, a deixava imensamente feliz.


- Que horas você sai?- ele perguntou quase sem fôlego.


- Só tenho que terminar de atender um paciente e estou liberada. – respondeu dando mais um selinho em Robert e correndo para terminar seu plantão.





Robert abraçava por trás e beijava o seu pescoço , passando as mãos pela sua barriga enquanto o elevador subia.


- Rob!- ela apontou a câmera de segurança com a cabeça.- Will deve estar se divertindo. – falou se referindo ao porteiro que devia estar observando a cena toda.


- Então vamos dar uma alegria a ele. – Robert disse virando o corpo da namorada a deixando de frente para ele, sua mão subiu pela coxa dela fazendo co que ela encaixasse uma perna em seu quadril, grudando os lábios na boca dela em um beijo ardente, logo em seguida. – Agora ele deve estar se divertindo! – ele disse gargalhando junto com a namorada, depois que as bocas se separaram.


A porta se abriu e puxou Robert pelo colarinho em direção ao corredor, mas eles acabaram dando de cara com Sr. Rogers, um senhor sério vizinho de apartamento.


- Desculpe Sr. Rogers.- disse encabulada, enquanto Robert se segurava para não rir mais.


Fim Memória 7





Sacudi a cabeça tentando dissipar os pensamentos. Não podia ser tudo ilusão! Eu não queria me lembrar, não queria, mas as lembranças vinham vividas.


-, o almoço está pronto! – gritou.


Levantei me enrolando em uma toalha e saindo da água já fria.



Capítulo 10



2 anos depois

Terminei de colocar meu vestido e me olhei no espelho.

Logo os lindos olhos verdes de Rob apareceram para mim no espelho.

Olhos verdes que nunca saiam da minha cabeça.

Que sempre fariam parte da minha vida...


- Está pronta, meu amor? – uma voz grave e conhecida falou as minhas costas.

... do passado da minha vida.

- Sim! – me virei para encarar os lindos olhos castanhos de meu noivo.

- Você está tão linda, ! – ele disse me olhando intensamente, suas mãos deslizando pela minha cintura. – Você vai roubar todas as atenções na festa.

- Não seja bobo . O que mais vai ter lá são mulheres mais bonitas que eu. – disse envergonhada.

- Isso é impossível, e você sabe!- apertou mais as mãos em torno de minha cintura, nos aproximando mais. Sua boca pousou na minha com delicadeza de inicio, mas em seguida senti sua língua pressionar meus lábios pedindo passagem para um beijo intenso.

- ! – o chamei sem fôlego. – Nós vamos nos atrasar. – falei me livrando dos seus braços. – Alem do mais você vai borrar toda a minha maquiagem. – disse o empurrando de vez.

Eu gostava muito de . Meu colega de residência, amigo, melhor amigo. Ele esteve lá quando mais precisei. Estava junto enquanto recuperava a memória. Me ajudou a me levantar, na verdade se não fosse ele não teria conseguido chegar a onde cheguei. Acho que teria até largado a residência. Por isso devo tanto a ele. Assim aceitei vir junto quando ele recebeu a proposta de trabalhar no County General Hospital em Chicago, onde seu pai, Dr. David Morgenstern ou somente The Doc, como o chamava, era Chefe Administrativo. Por causa do meu bom desempenho na residência, consegui uma vaga na equipe de Neurologia Neonatal do mesmo hospital.

era do meu mundo! E era isso que me bastava.

Agora nós nos dirigíamos à festa beneficente, para angariar fundos para o novo Centro de Oncologia Pediátrica do County. Onde se reuniriam a elite e os famosos a procura de publicidade. Pelo menos toda essa junção de egocentrismo ajudaria alguma em alguma coisa realmente importante. Eles queriam aparecer como generosos para a mídia? Então que doassem bastante! Nos últimos tempos eu tinha criado aversão a qualquer coisa relacionado ao mundo dos ricos e famosos, mas dessa vez eu não poderia fugir.

Borrifei meu perfume, dando como finalizada a minha arrumação.

- Estou pronta!- declarei saindo da suíte do nosso loft.

- Vamos que a limusine está nos esperando, e The Doc deve estar nervoso com o nosso atraso. - disse abrindo a porta e esperando que eu passasse.

- Culpa sua que fez com que eu tivesse que me maquiar novamente. – falei rindo recebendo um sorriso malicioso dele em resposta.

- Prometo borrar toda a sua maquiagem quando voltarmos. – sussurrou no meu ouvido assim que passei por ele.


A festa estava lotada de gente esnobe e irritante, atores e milionários, mas também tinha muitos médicos e era isso que me fazia ter com quem conversar. perambulava ao redor de The Doc, esse era seu maior defeito, viver a sombra de seu pai, aceitando tudo que ele dizia como verdade absoluta. Tinha demorado para que The Doc tivesse me aceitado como namorada de seu filho único, mas depois disso para o noivado foi um pulo.

Sentei em uma das cadeiras da mesa reservada para nós e olhei para as minhas mãos cruzadas sobre meu colo, minha aliança com o enorme diamante acoplado nela brilhava na minha mão direita, e suspirei. havia dito que eu estava louca por ter aceito o pedido. Por mais que ela adorasse o , ela sabia que eu ainda amava Robert.

Meu peito doeu ao lembrar seu nome. Mas isso era uma constante já que essa dor era minha companheira diária. Também o rosto dele estava sempre estampando revistas, propagandas, jornais. Como se já não fosse difícil sem tudo isso. E ainda por cima tinha Lizzie que insistia em dar noticias dele sem eu pedir. Como se você não ansiasse por isso ! Me recriminei mentalmente.

Uma algazarra de fotógrafos me tirou dos meus devaneios. Provavelmente mais um famoso chagava a festa. Levantei o rosto para ver qual era o alvo dos fleches dessa vez, mas o tumulto não deixou que eu enxergasse.

“Robert olha para cá!” “Pattison só mais uma foto!” “Está sozinho hoje?” Os paparazzi estavam enlouquecidos. E eu não podia acreditar.

Afundei meu rosto em minhas mãos. O que eu iria fazer agora!

- Algum problema minha querida? – Minha chefe, Dra. Janet, que estava sentada ao meu lado me perguntou.

- Não! Eu só estou um pouco cansada! – disfarcei sorrindo forçado. – Com licença, vou ao toalete! – falei ao seu ouvido. Ela assentiu sorrindo enquanto me levantava e corria para me esconder no banheiro.

Algumas mulheres tagarelavam lá dentro, e eu tratei de atirar água no meu rosto para me acalmar.

- Você viu quem chegou a festa? – perguntou uma loira para outra garota baixinha com um vestido justo demais para seu corpo avantajado.

- Eu vi! O Edward! – a outra respondeu em meio a risadinhas das duas.

Dei uma olhada no espelho secando o rosto, depois remexi a minha bolsa atrás de um batom.

- Ele está mais lindo que nunca você viu? – uma terceira perguntou.

- Com licença? – pedi tentando sair dali por meio ao mulherio que se acumulava em meio ao falatório. Pelo jeito não teria sossego, então faria de tudo para arrastar dali. Não ! Você não vai se acovardar agora! Você tem que ser forte! Pensei. Respirei fundo e abri a porta, sendo engolida pelo som alto da musica misturado com a conversa.

- ? – a voz que fazia tanto parte dos meus sonhos, quanto dos meus pesadelos me chamou.

Me virei para encarar os mesmos olhos verdes que me acompanhavam em meus pensamentos, só que agora eles eram reais. Ele estava mais lindo do que eu me lembrava. Usava um terno clássico. Usava ainda o cabelo do mesmo modo bagunçado. Tinha um copo de whisky na mão e o mesmo sorriso torto nos lábios.

Respirei fundo, tentando juntar com o ar toda a coragem que podia.

- Olá Robert! Quanto tempo! – falei tentando em vão disfarçar meu nervosismo.

- Como você está?- Robert perguntou se aproximando mais, me olhando intensamente nos olhos.

Engoli em seco sentindo a intensidade do olhar dele. Todos os sentimentos que tentei sepultar ao longo desses últimos anos, aflorando com força.

- Bem! – respondi sem conseguir quebrar a ligação dos nossos olhares.

- Você está mais linda ainda! – ele disse sorrindo mais.

- Rob... – murmurei fechando os olhos e respirando fundo. Eu não podia deixar esse sentimento todo tomar força.

- - ele disse se aproximando. Abrir os olhos e pisquei aturdida pelo perfume maravilhoso dele. – você não imagina como eu sinto sua falta. – disse próximo demais.

- Pattinson! - apareceu passando as mãos possessivamente em minha cintura e me puxando para ele.

- Como vai?- Robert o cumprimentou friamente.

- Posso roubar minha noiva? - perguntou a ele. Assisti Robert juntar as sobrancelhas antes de baixar os olhos para mina mão direita onde minha aliança pareceu pesar quilos de repente. Desviei os olhos para o chão.

- Claro! – Robert disse ainda friamente.

enlaçou a minha cintura e me carregou para perto de onde um grupo de médicos conversavam animadamente.

- Você está bem?- ele perguntou me olhando desconfiado.

- Sim ! Só preciso de uma bebida. – falei.

Ele me olhou por um instante e depois assentiu, saindo em direção ao bar.

- Quero te apresentar, Steve, minha brilhante futura nora! – The Doc me puxou. Aquilo me surpreendeu, foi a primeira vez que The Doc se referia a mim com orgulho. – Ela é uma das grandes promessas da Neurologia Pediátrica. – ele continuou.

- Não faça muita propaganda David! Senão eu roubo ela para a minha equipe. – o outro senhor falou rindo acompanhado por The Doc. Eu sorri também, mas minha cabeça estava longe.

- Sua bebida! - sussurrou em meu ouvido me entregando um copo de algum coquetel. Fiz uma careta, porque o que queria mesmo era algo mais forte, mas aceitei assim mesmo.

Eu dedilhava na mesa nervosamente. Peguei a cereja que enfeitava o meu drinque e a coloquei devagar na boca, enquanto assistia em cima do palco, servindo como apresentador das atrações da noite. Mesmo lá de cima sentia os olhos dele em mim. Mas eu também sentia outros olhos me cuidando. Robert estava no bar, e de onde eu estava eu também podia vê-lo muito bem.

Já tina se passado algumas horas e eu tinha que me aliviar. Pedi licença para meus companheiros de mesa e me dirigi até o banheiro. Mas antes que pudesse abrir a porta, uma mão segurou meu braço restringindo meu movimento.

-!

- Robert, por favor? – pedi.

- Nós precisamos conversar!- ele disse.

- Conversar? Robert já faz muito tempo!- falei.

- Não pra mim, já que eu nunca consegui te esquecer!

Aquilo me surpreendeu. Eu não conseguia acreditar que ele ainda pensava em mim.

- Eu não posso! – falei, meus olhos correram para o palco onde contava uma piada fazendo a plateia rir.

- Amanhã, no meu hotel! – Robert colocou um pedaço de papel em minha mão, fechando meus dedos em volta dele e segurando em suas mãos por mais tempo que o necessário. Depois sorriu de leve se virando e indo embora. Ainda fiquei parada o vendo ir, antes de baixar os olhos para o papel com o endereço em minha mão.


Capítulo 11



Eu olhava para fora do carro, vendo as luzes refletindo na pista molhada pela chuva. O silêncio do carro era esmagador, mas eu sabia que era só uma questão de tempo para que começasse a falar. E eu não sabia se realmente estava pronta para esse tipo de conversa.

O motorista estacionou a limusine na frente do prédio e deu a volta para abrir a porta para que eu saísse. Eu estava exausta, louca para arrancar aqueles saltos e me atirar na minha cama, mas sabia que não seria assim.

O silêncio sufocante se estendeu ao elevador onde não estendia nem ao menos um olhar para mim. Eu sabia que ele estava muito chateado. E sabia que a culpa disso era minha. Já que eu não tinha conseguido disfarçar o quanto havia ficado abalada com a presença de Robert, mas eu nunca tinha mentido para ele sobre meus sentimentos. me aceitou desse jeito.

Mas foi só eu fechar a porta do flat atrás de mim que , que havia entrado antes de mim começou a falar.

- Eu não acredito que você ainda cai de amores por aquele atorzinho! – ele disse exasperado, jogando uma mão para cima enquanto a outra afrouxava a gravata.

Me joguei no sofá tirando os sapatos devagar tentando tomar tempo.

- Me desculpe! – disse tristemente, sendo que nada mais me passava pela cabeça.

-Só isso? Me desculpe!- ele perguntou com desdém.

- Você acha que eu escolhi? – perguntei passando as mãos pelo Edinho que se esfregava em minhas pernas e puxando para o meu colo. – Você acha que eu mando nos meus sentimentos? – eu tentava ser o mais sincera possível. – Se eu pudesse mandar, eu já teria esquecido o Robert.

- Então, você ainda o ama? - ele perguntou tristemente.

- Eu não sei. – falei derrotada. – Eu estou confusa.

Deixei o gato sair do meu colo e me dirigi até a cozinha enchendo um copo com água.

- Eu não vou juntar seus cacos novamente ! – ele cuspiu. se serviu de uma dose generosa de whisky e engoliu de uma vez só.

Eu sabia que no estado em que ele estava não adiantava conversar. E também sabia que ele tinha todo o direito de ficar chateado. Como eu podia? Como eu podia me deixar abalar por um cara que tinha me machucado tanto? E com que direito Robert aparecia depois de tanto tempo, para atrapalhar minha vida desse modo? Eu iria sim aquele hotel, mas seria para dizer que eu nunca mais queria o ver novamente!

Me levantei cedo, vendo adormecido ao meu lado. Ainda bem que nenhum de nós tinha plantão hoje, já que eu não havia dormido nada por causa da minha cabeça que borbulhava, e ele porque havia ficado bebendo até muito tarde. Eu observei meu noivo. Seu corpo moreno, os músculos bem definidos. Os cabelos lisos e escuros. Ele estava deitado de bruços, usando somente com uma calça de moletom. Pode analisar a linha de suas costas largas. era lindo, e eu não podia evitar de notar o burburinho das enfermeiras quando ele passava. Eu tinha muita sorte de ter ele na minha vida e não podia deixar Robert estragar tudo.

- Onde você vai? – ele me perguntou desconfiado, ainda com os olhos fechados, depois que sai do banheiro, após tomar um banho.

Eu já havia secado bem os cabelos e passava pelo quarto em direção ao closet para me vestir.

- Tenho coisas para resolver. – murmurei lá de dentro. Ainda estava chateada. Não com que não tinha culpa nenhuma, mas comigo, com a situação e principalmente com Robert.

- Onde você vai? – ele perguntou novamente, de repente perto demais. Levei um susto com a voz dele tão próxima que acabei deixando a toalha escapar.

me olhou de cima a baixo, demorando o olhar em alguns lugares. Me abaixei e peguei a toalha rapidamente tentando me cobrir.

- Tenho coisas pra resolver. – repeti. – Tenho que buscar o presente de casamento de . – se casaria em uma semana e eu seria uma das damas – de – honra. Então eu estava com passagem marcada para Londres, dali a dois dias. Como tinha cirurgia marcada por aqueles dias, ele não poderia ir. – Ainda tenho que comprar mais algumas coisas para viagem.

Ele me olhou por algum tempo ainda desconfiado. Claro que eu tinha que fazer isso, mas havia também uma parte do meu roteiro que eu tinha escondido de , eu iria ver Robert e colocaria um ponto final nisso de uma vez por todas.

virou as costas para mim indo em direção ao banheiro e se trancando lá dentro. Eu odiava ter que esconder as coisas dele, mas achei melhor que ele não soubesse de tudo.


Respirei fundo quando o taxi parou em frente ao Four Seasons Hotel.

- Chegamos! – o taxista falou pela terceira vez. Quem sabe incentivando para que eu tomasse coragem para descer.

- Obrigada!- falei ao sussurros abrindo a porta e recebendo o frio da manhã, que me fez tremer até os ossos. Apertei mais o casaco ao redor do meu corpo, cruzando os braços e escondendo minhas mãos para manter meu calor corporal, que perdia feio para o dia frio de outono.

Quando o porteiro, vestido com um uniforme vermelho espalhafatoso, abriu a porta para que eu entrasse na luxuosa recepção do hotel, senti o choque térmico do calor que estava lá dentro.

Parei em frente ao balcão da recepção, tentando me concentrar que a minha missão não era ver Robert e sim, colocar minha vida nos eixos, novamente.

- Sim? No que posso ajuda-la?- um rapaz sorridente parou em minha frente.

-Eu preciso falar com o Sr... – tentei pegar o papel no bolso da minha calça, mas tive que tirar as luvas primeiro, para poder ultrapassar a camada de casacos e agasalhos que estava usando. Finalmente depois de muito esforço, conseguir alcançar o maldito papel no bolso trazeiro. Por mais que minhas mãos suadas e tremulas pelo nervosismo, atrapalhassem o processo. O recepcionista continuava me olhando, agora com uma feição mais impaciente. Olhei para o papel totalmente descrente do que estava lendo. Tão Robert. – Sr. Bart Simpson. – falei por fim.

- Ah! – o recepcionista falou. –E seu nome é?

- ! – disse.

- Srta , o Sr Simpson deixou ordens para que a senhorita subisse assim que chegasse. – ele informou. – Suíte 1675. Décimo sexto andar.

Assenti, me dirigindo até o elevador, onde uma acessorísta me recebeu sorrindo. Quando a porta se abriu no andar correspondente meu coração já estava aos pulos no meu peito. Bati na porta uma vez só.

- Entra, está aberta! – a voz de Robert soou um pouco rouca.

Respirei fundo antes de abrir a porta e entrar. Parei quando dei de cara com ele somente usando uma boxer preta.

- Desculpe, eu estava me vestindo. – Robert disse com o canto dos lábios se levantando em um sorriso contido, mas sem fazer menção nenhuma em por uma roupa.

Engoli em seco varias vezes, torcendo para que minha voz saísse firme. – Nós temos que conversar. – falei, sem conseguir fazer com que minha voz soasse como esperado.

- Eu sabia que você viria. - ele disse se aproximando demais de mim, e esticando o braço para fechar a porta, sem tirar os olhos dos meus.

Respirei fundo tentando dar ordem ao caos dos meus pensamentos. Uma parte de mim dizia, fale tudo, vire as costas e vá embora! Mas uma outra parte, uma imensa parte dizia: Se agarre nele e tire tudo que você tiver vontade!

Estreitei os olhos em sua direção.

- Quem lhe disse que você é tão irresistível? – perguntei com raiva.

Ele riu. Provavelmente me deixando mais vermelha do que eu já estava.

- Você está aqui não está? – falou sorrindo torto. – Além disso – Robert se aproximou mais. – Você está ofegante... – Robert passou a mão no meu rosto.

- Eu vim correndo. – menti. Ele riu mais.

- Você está suando. – afirmou agora com o rosto a centímetros do meu.

- Está calor aqui. – afirmei com um fio de voz. Fechando os olhos com força para tentar me concentrar.

- É verdade! – senti seu hálito batendo no meu rosto. – E você está com muita roupa.- afirmou.

Abri os meus olhos fitando fixamente a sua boca, que sorria divertido com a minha afetação. Robert me conhecia bem, e sabia que eu já estava entregue.



Robert me segurou fortemente pela cintura e me encostou na parede, pressionando todo seu corpo contra o meu.Eu engoli em seco, mas não tentei me libertar.

-Porque... – engoli novamente tentando recompor a voz. – Porque está brincando comigo? Já não basta o que você me fez?

- Eu não estou brincando, !- Ele disse sério- seus olhos verdes com um brilho angustiado que eu nunca havia visto. – Eu não menti quando disse que não conseguia te esquecer.

- Me deixe sair. – ordenei.

- Só se você disser que me esqueceu. –ele disse convicto. Eu abri minha boca varias vezes, mas nenhum som saia. Robert continuava me segurando e um enorme sorriso abriu em seus lábios. – Eu pensei em você todo esse tempo. Você faz parte de mim. – dizia com os olhos fixos na minha boca.

Os meus pensamentos estavam me deixando atordoada. Eu queria Robert mais que tudo na vida, mas sabia que o preço que pagaria por isso seria alto demais. Mas naquele instante, decidi assumir todo o risco.

- Beije-me Rob! – pedi.

Ele atendeu meu pedido, beijando minha boca avidamente. Suas mãos pareciam desesperadas enquanto tentavam a finco ultrapassar as minhas roupas. Tentando o máximo não ficar longe do corpo dele por muito tempo, comecei tirar minhas roupas com sua ajuda.

- Eu te amo, ! – Robert disse contra minha clavícula, quando sua boca desceu pelo meu pescoço, deixando um rastro de fogo.

Eu só estava de lingerie, e as mãos dele passeavam em meu corpo, em reconhecimento me deixando ebulição. Eu sabia todos os fracos de Rob então, minhas mãos foram para sua bunda, apertando, puxando-o mais para mim. Quando mordi de leve sua orelha ele gemeu. Me apoiou o suficiente para que eu enroscasse minhas pernas em seu quadril, me levantando e me carregando até a cama. Eu sentia sua ereção pressionado minha barriga.

Ele me deitou em sua cama, engatinhando sobre mim. Eu ainda mantinha as minhas pernas ao redor de seu quadril o mantendo preso em mim.

- Diga que me ama! – ele pediu, seus olhos implorando para que eu cedesse, mas não seria tão fácil assim, e Robert notou isso. Enlacei minhas mãos ao redor de seu pescoço puxando para mim. Nossas bocas se encontrando novamente. – Diz, ! – ele pediu docemente, se afastando por segundos para voltar a me devorar novamente. De novo não respondi. Somente mordi os lábios.

Eu ainda o segurava junto a mim. Robert soltou o fecho frontal do meu sutiã, liberando meus seios. Logo ele já os beijava e mordiscava, me fazendo gemer alto. Uma de suas mãos desceu pela minha barriga, ultrapassando minha calcinha, ele me penetrou com os dedos, me fazendo ofegar.

- Tão molhada! – ele sussurrou enquanto beijava minha barriga. – Preciso tanto sentir seu gosto novamente! – ele desceu mais a boca, tirando minha calcinha com as mãos. Separou minhas pernas delicadamente, antes de sua boca encontrar minha intimidade.

- Rob... ! – o chamei já explodindo de prazer. Quando estava quase chegando lá, Robert parou me fazendo gemer frustrada.

- Ele te toca assim? – perguntou.

- Rob! – choraminguei.

Ele voltou a me estimular com a língua, me fazendo enlouquecer. Logo meu corpo todo estremecia, bombardeado de prazer.

- Ele te faz sentir prazer assim ? – perguntou com os olhos acinzentados de angustia.

- Não! – confessei depois de hesitar um momento. – Só você sabe me fazer delirar desse jeito! – Robert sorriu e se livrou da boxer, se posicionando entre minhas pernas. Quando ele me penetrou com força, reprimi um grito, que logo se transformou em gemidos, enquanto nós nos movimentávamos. – Eu te amo Robert! – gritei, enquanto meu corpo explodia de prazer novamente.

E era verdade, só Robert me fazia me sentir dessa maneira. Ele sabia exatamente o que meu corpo queria.

Ouvi sua voz chamar meu nome várias vezes, enquanto seu corpo tremia por sobre o meu. Contraí meus músculos, fazendo com que ele gemesse mais. Eu também adorava ver Robert delirar por minha causa.

- Eu te amo, . Sempre vou te amar! – disse antes de cair para o lado ofegante, desconectando nossos corpos.

Me aconcheguei em seus braços, vendo o sorriso enorme que Robert tinha nos lábios. Ele traçava suavemente as linhas do meu rosto com os dedos. Ficamos assim até que senti meu corpo voltando ao normal.

- Onde você vai? – ele perguntou alarmado, quando me livrei de seus braços jogando minhas pernas ainda bambas para fora da cama.

- Vou embora! – respondi catando minhas roupas que estavam espalhadas pelo quarto e começando a vesti-las.

- Não! eu quero assumir um relacionamento com você.

- Robert você vai embora para Los Angeles amanhã.

- Eu quero me casar com você!

- E eu vou para Londres... O QUÊ? – perguntei aturdida depois que meu cérebro computou aquela afirmação.

- Eu quero me casar com você! – ele disse novamente, se levantando e parando ainda nu, em minha frente.

- Eu vou me casar com , daqui a seis meses! – afirmei. Na verdade eu não tinha mais certeza disso.

- Você não pode se casar com ele, , você não o ama! – Robert disse segurando meus braços. Eu só estava vestindo minhas calças e com uma blusa fina.

- E o que o amor me trouxe de bom Robert? – perguntei catando o resto das minhas roupas e abrindo a porta do quarto. – Adeus! – falei antes de sair.

- ! – ainda ouvi ele me chamar através da porta fechada, mas eu não iria voltar.


Capítulo 12




Me apoiei na parede do imenso corredor, ainda ofegante. Comecei a colocar minhas roupas que ainda trazia nos braços e já estava terminando de calçar as botas quando a porta da suíte de Robert abriu e ele saiu vestido somente com uma calça de moletom.

– Me deixa, Robert! – pedi.

– Eu não vou deixar você escapar de novo!- ele disse já segurando meu braço.

A porta do elevador se abriu e a ascensorista arregalou os olhos quando olhou para Robert. Ele sorriu meio encabulado depois passou a mão livre pelos cabelos. A garota sorriu de volta e eu já estava vendo a hora em que ela iria começar a pular e a gritar.

– Entra já pro quarto!- ordenei.

– Não antes de você voltar para conversar direito. – ele me disse ainda olhando meio apavorado quando a moça travou a porta do elevador.

– Obrigada, mas nós não vamos mais descer. – falei pra ela o mais educada que pude.

– Desculpe, mas você é ...

– Ele é Bart Simpson. – falei empurrando Robert em direção a porta aberta do quarto. – Você está louco? – perguntei depois que entramos e ele fechou a porta.

– Louco eu estava há dois anos atrás quando perdi você. Não! – ele sacudiu a cabeça em negativa, um sorriso triste nos lábios. – Louco eu fiquei quando vi a besteira que eu tinha feito. – Robert se sentou na cama, a cabeça enterrada nas mãos. Eu cheguei a dar um passo em sua direção, mas reprimi rapidamente a vontade de confortá-lo. – Eu não vou te dizer, , que não tive outras mulheres. Eu tive centenas delas. – fechei os olhos tentando trancar a tristeza e o ciúmes que aquelas palavras me causavam. – Mas nenhuma delas me satisfazia, é como se elas não fossem completas. – ele levantou o rosto, seus olhos varrendo o chão como se procurasse algo. – Eu não entendia o por que.- Robert levantou mais o olhar até encontrar o meu. – Até que eu percebi que nenhuma delas era você. E era você que eu estava procurando.

– Rob... – sussurrei.

Ele se levantou parando em minha frente, pegando as minhas mãos com delicadeza.

– Eu era imaturo, idiota! Estava deslumbrado! Todas aquelas mulheres caindo em cima de mim. Eu não percebi que eu já tinha a melhor delas ali comigo.

– Robert, eu preciso de um tempo!- falei me desvencilhando de suas mãos.

– E agora eu estou livre, ! Sem contrato, sem clausula dizendo com quem eu devo ou não me relacionar. Acabou! – ele disse aliviado.

– Querendo ou não você sempre vai ser Edward Cullen. – falei.

Ele pensou por um instante. – Mas sou um Edward Cullen livre! – disse e sorriu.n

– Eu preciso pensar! Afinal você me machucou muito! – me virei abrindo a porta. – Eu vou para Londres, para casamento de . Quando eu voltar nos falamos.

Robert segurou a porta impedindo que eu saísse.

– Quando você volta?

– Eu vou depois de amanhã e volto no outro sábado.

– Eu te espero no domingo, nessa mesma suíte. E você me diz o que decidiu.

Assenti e ele soltou a porta, permitindo que eu saísse.

*******************************

POV Robert

20 dias depois...

Foi uma grande sorte o porteiro permitir que eu entrasse no prédio apenas em troca de um autografo pra filha. Eu tinha ido direto do aeroporto para o prédio dela e esperava que não fosse colocado porta a fora pela .

Apertei novamente a campainha, ignorando que não eram mais que quatro da manhã. Logo ouvi os passos de alguém e um murmúrio antes do barulho da tranca da porta sendo aberta.

– Robert? – perguntou olhando pelo corredor procurando mais alguém. – O que você está fazendo aqui? E há essa hora?

– Desculpe a hora , mas eu preciso saber onde ela está.

Ela olhou por sobre o ombro por um instante ainda segurando a porta.

Ouvi a voz de outra pessoa, provavelmente o marido dela, .

– Deixe o cara entrar.

– Entre Robert! – ela disse se afastando e me dando passagem.

Segurei firme a alça da bolsa de viagem que usava atravessada no corpo e atravessei a porta.

– Onde é que ela está?

– Ane não está aqui. – ela respondeu. – Não quer se sentar?

– Eu só quero saber onde ela está, . Eu sei que ela terminou tudo com o noivo dela.

– Ela não está aqui em Londres, Robert.

– Ela está em Chicago? Onde? Eu sei que ela não trabalha mais no hospital. – dei um passo em sua direção. – Não minta para mim!

– Hei! Vamos se acalmando!- o marido dela veio em minha direção com a mão estendida, mas eu já estava sem paciência, eu queria saber onde a estava.

– Eu não estou mentindo para você. Ela não está em Londres e não está nos Estados Unidos também. Pra falar a verdade eu não sei direito onde ela está.

Estreitei os olhos para ela, não confiava em um pouco em , mas eu não tinha outra alternativa.

– Como não sabe?- perguntei entre dentes.

– Pattison, – ela se sentou na poltrona em minha frente, respirando fundo tentando manter o tom calmo.- A entrou para os Médicos sem Fronteiras, ela não fica muito tempo em um lugar. Na ultima vez que eu soube ela estava no Sri Lanka.

– ONDE?

- Sri Lanka, mas eu não sei a cidade.

Aquilo estava me parecendo uma grande mentira, mas quando eu ouvi um miado baixo, quase inaudível e senti Edinho se roçando em minhas pernas, tive a certeza. nunca se separaria do gato dela. Respirei fundo, passando as mãos pelo cabelo e tentando engolir o bolo que se formava na minha garganta, agradeci e virei as costas para sair.

- Robert! - me chamou e eu virei para olha-la, com a mão ainda segurando a maçaneta. – Ela está muito feliz, finalmente ela se encontrou, não a magoe mais.

- Eu a amo mais que tudo, . Tudo que eu quero é fazê-la feliz e concertar o que eu fiz de errado.

Ela sorriu assentindo de leve.

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45 dias depois...

POV

Eu não conseguia entender como um país tão lindo e tão cheio de cultura poderia sucumbir aos conflitos, a fome e as doenças. Era uma tragédia que o resto do mundo ignorava, ou fingia não ver.

Eu caminhava pela orla de areias brancas, vendo o contraste entre a beleza do mar e os casebres na beira da praia. Ao longe alguns homens puxavam uma corda grossa que vinha do mar. Eles sobreviviam com o pouco de peixe que o oceano os oferecia.

Era meu primeiro dia de folga depois de mais de dois meses naquele país. E somente aceitara folgar porque o chefe do meu grupo de Médicos voluntários, praticamente disse que se eu não aceitasse descansar um dia, estava dispensada para voltar para casa.

Mas eu não queria descanso, porque toda a vez que eu parava de trabalhar e largava meu corpo cansado em minha cama, minha mente teimava em voltar para a ultima vez que tinha visto Robert. Sabia que estava cada vez mais apaixonada por ele, então decidi terminar tudo com antes de ir para Londres. Só que eu não podia simplesmente voltar para Robert depois de tudo o que ele me fez. Foi então que decidi seguir sozinha pela primeira vez na minha vida, viver só comigo mesma. Larguei meu trabalho em Chicago, mesmo com os protestos de minha mãe dizendo que eu estava louca, me inscrevi no Médico sem Fronteiras e em cinco dias fui enviada para o Sri Lanka, onde passei de cidade em cidade, nas zonas mais atingidas pelo confronto. Agora estava na cidade do extremo norte do país, Jaffna. Até que estava dando certo, já que eu estava fazendo o que sempre quis.

Ao longe uma comoção de crianças vinham em minha direção pela beira da praia. Elas traziam junto com elas um homem que de óculos escuros e roupas claras que ria para elas. Eu não precisava enxergar direito para saber que aquele homem não era morador local. Apertei mais as vistas forçando a visão, já que o sol estava forte aquele horário. Meu coração acelerou,. Não podia ser! Talvez eu tivesse tomado sol demais e estava com hipertermia, porque já estava tendo alucinações!

As crianças saíram de ao redor de Robert e vieram para minha volta.

- Sisi kuletwa kijana kwa daktari pretty cute!* – elas gritavam em minha volta. Robert apenas sorria, parando a alguns metros a minha frente.
* Trouxemos moço bonito para doutora bonita!

- Kwenda posta ni wanasubiri tamu!** - falei nas poucas palavras que já havia aprendido em cingalês. Elas imediatamente nós deixaram e correram em direção ao posto médico. – O que você está fazendo aqui? – perguntei a Robert.
** - Vão que já estão distribuindo a refeição no posto!

- Eu vim cobrar o encontro que a gente havia marcado e que você me deu o cano!- ele disse ainda sorrindo ignorando meu tom sério.

- Robert isso aqui não é brincadeira, é zona de conflito! – falei cruzando os braços na altura do peito, para segurar a vontade de lança-los em volta da cintura dele em um abraço.

- Eu sei! – ele disse dando de ombros e tirando os óculos depositando em cima da cabeça. – Já faz um tempo que ando por esse país. Juntei as sobrancelhas quando ouvi sua afirmação. – É verdade! Você não lê jornais?- perguntou rindo.

- Na verdade não estou com muito tempo disponível para poder me por a par das fofocas de Hollywood. – alfinetei amarga, somente para disfarçar a felicidade que estava sentindo por te-lo ali em minha frente.

Robert riu mais ainda. Parecia que nada que eu falasse o faria tirar o sorriso do rosto. Enfiou a mão no bolso trazeiro da calça e tirou um jornal dobrado de dentro. Estendendo para mim em seguida.

O jovem ator Robert Pattison, conhecido pelo papel que fez de Edward Cullen, no filme Twilight, está envolvido em causa social pelo Sri Lanka.
O promissor ator já doou uma generosa quantia para auxiliar as vitimas da guerra civil daquele país.


- Eu estou algum tempo, indo de uma cidade a outra. Não vou mentir dizendo que não é por sua causa. – ele falou mais próximo. Sua voz mais baixa. Levantei os olhos do recorte vendo seu rosto agora sério. – Eu cheguei a quase te encontrar em Kotte, mas você saiu da cidade antes que eu pudesse te achar. Finalmente dei sorte. – ele disse com a boca a centímetros da minha. – Mas eu não me importo, iria até o fim do mundo se fosse necessário.

Meu coração começou a bater mais alucinadamente. Robert me enlaçou pela cintura me observando com olhar intenso. Sem mais pensar, o puxei pela nuca, grudando nosso lábios em um beijo intenso. Logo sua língua já se enroscava na minha causando arrepios pelo meu corpo. Me afastei de repente.

- Só tem um lugar que eu quero que você vá, nesse momento!- falei ao sussurros.

- Onde? – ele me perguntou com um sorriso maroto brincando nos lábios.

- Meu quarto! – respondi antes de juntar nossas bocas novamente.


Robert se sentou em minha cama e com um gesto rápido, me segurou pelos braços e me fez sentar em seu colo. Lentamente passou a mão pelo meu ombro deslizando minha blusa, e acariciando a renda do meu sutiã. De modo instintivo o segurei pela nuca, enterrando os dedos em seus cabelos macios.

Só Robert me deixava assim excitada tão rapidamente, com somente alguns toques. Eu o desejava com todas as minhas forças, e nada nesse mundo iria me separar dele novamente.

Comecei a contorcer meu corpo em uma dança sensual, arrancando gemidos dele, enquanto me beijava. A mão forte apossou-se do meu seio, enquanto nossos olhares não se desgrudavam em nenhum instante. Rapidamente Robert me despiu, me deitando na cama, seus olhos pareciam em brasas me olhando.

- Eu te amo tanto, ! – ele sussurrou.

- Eu também te amo, Rob! Muito!

Arquiei as costas permitindo que sua boca e suas mãos explorassem cada centímetro do meu corpo. Comecei a acariciá-lo em reconhecimento, tocando seu corpo musculoso descendo a mão por dentro de sua calça, lhe tocando intimamente. A reação violenta e imediata de Robert me encheu de satisfação. Eu sabia exatamente do que ele gostava e como ele gostava. Com um gesto rápido ele se desvencilhou da calça.

Robert se posicionou entre minhas pernas, me penetrando com força, falando palavras de carinho e paixão. Meu corpo todo já pulsava de prazer quando ele aumentou o ritmo me fazendo me contorcer de prazer. Gritei alto quando o ápice me atingiu em uma avalanche de desejo. Logo Robert também estremecia em cima de mim.

Ele me beijava freneticamente como se para provar que ainda estava ali. Robert me amava, e agora eu tinha certeza disso.

Quando nossas respirações se acalmaram o suficiente ele sorriu, passando a mão em meu rosto levemente, ainda conectado a mim.

- Eu ainda estou explodindo de desejo, se você ainda quiser continuar?

Eu ri. – Tudo isso é saudade? – perguntei, depois assenti. Robert começou a me beijar novamente, saindo e entrando em mim, devagar, gentilmente, depois que o desespero tinha passado.

Nos amamos novamente, sentindo, provando, reconhecendo. Sabendo que seriamos um do outro para sempre.





























5 comentários:

Anônimo disse...

Ane, adorei, primeira vez que vim aqui ao teu blog e nunca + saí daqui.
Tenciono vir aqui ler as tuas fics.
Continua a escrever as fics por favor :)

Anônimo disse...

muito bom adorei, ñ sou team Robert, mais essa fic ta de +!!!!!!!!

Binhablack disse...

Adoreeeeei, bjsssss!!!!!

Anônimo disse...

Muito legal - Mari

Paulinha disse...

Adorei!! Muito Boa essa fic!!!
Sou totalmente Team Taylor mas gosto do Robert e gostei muito dessa fic!!!
Parabéns Bejos!!